"Pedimos que os governos revejam os programas que plantam o ódio nas cabeças das pessoas", declarou
Um ataque terrorista realizado por um extremista ligado ao Estado Islâmico deixou três pessoas feridas durante o festival de Akitu, comemorado por assírios cristãos em Duhok, no norte do Iraque, no começo deste mês. O terrorista, identificado como sendo um cidadão sírio, usou um machado para atacar participantes da celebração, que é marcada por expressões culturais e históricas do povo assírio, que incluem também membros da comunidade cristã local.
De acordo com informações da mídia local, o terrorista invadiu a comemoração, que contava com mais de 8 mil participantes — metade deles vindos de fora do Curdistão Iraquiano — e atacou um adolescente de 17 anos, uma idosa de 75 anos e um agente de segurança. Segundo testemunhas e vídeos divulgados nas redes sociais, o homem gritava "Estado Islâmico, o Estado Islâmico permanece" enquanto desferia os golpes, citou a agência americana Associated Press (AP).
Autoridades do Curdistão Iraquiano, que é um estado autônomo do Iraque, onde fica a cidade de Duhok, capital da província de mesmo nome, confirmaram que o terrorista pertence a uma célula ligada ao grupo terrorista Estado Islâmico (ISIS). O Conselho Regional de Segurança do Curdistão afirmou em nota à mídia local que o criminoso professava "ideologias extremistas do ISIS" e classificou a ação como um ataque contra a coexistência e a paz religiosa na região.
"Enquanto o povo de Duhok celebrava o Akitu, um indivíduo portando ideologias extremistas do ISIS atacou cidadãos no mercado com uma arma branca", informou o órgão.
Os feridos foram levados ao hospital local. O adolescente, que havia viajado com amigos para participar do evento, sofreu fratura craniana. A idosa também ficou ferida severamente, mas não há informações sobre seu atual estado de saúde.
A Missão de Assistência das Nações Unidas para o Iraque (UNAMI) repudiou com firmeza o ataque.
"Expressamos nossa solidariedade com a comunidade cristã assíria nestes tempos difíceis", declarou Mohamed Al-Hassan, representante especial da ONU no país. Ele também elogiou a resposta rápida das autoridades curdas, que prenderam o terrorista no local do crime.
O atentado gerou indignação entre representantes da comunidade assíria. Ninab Yousif Toma, dirigente do partido iraquiano Movimento Democrático Assírio, que luta pelos direitos das comunidades assírias, criticou os currículos escolares e religiosos do país que, segundo ele, promovem o extremismo. "Pedimos que os governos revejam os programas que plantam o ódio nas cabeças das pessoas", declarou. Apesar disso, Toma ressaltou o apoio recebido de muçulmanos curdos locais e enfatizou que o ataque parece ter sido isolado. "Os curdos em Duhok nos servem água e doces mesmo durante o jejum do Ramadã. Este foi provavelmente um ataque individual e não vai assustar o nosso povo."
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