Apesar de a economia de Israel ser pequena em comparação com a da China, do Canadá ou da União Europeia, a chegada urgente do Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu à Casa Branca envia um sinal claro a outros líderes mundiais. Enquanto chefes de grandes potências disputam uma audiência com o Presidente Donald Trump para renegociar tarifas, Netanyahu recebe um convite espontâneo, publicou o jornal Israel Hayom
Isso aconteceu em um verão em Nova York, durante uma reunião a portas fechadas entre Trump e um grupo de doadores — em sua maioria judeus, com alguns cristãos. Doze pessoas, cada uma tendo pago uma quantia considerável pela oportunidade de participar dessa conversa íntima com o ex-presidente, foram convidadas a levantar questões que consideravam importantes. Um falou sobre a China, outro sobre o mercado imobiliário, um terceiro sobre a fraqueza dos Estados Unidos no cenário global — e assim por diante.
Trump ouviu pacientemente cada um e, após mais de uma hora, chegou a sua vez de responder. De todas as questões levantadas, ele escolheu apenas uma: Israel. "Israel é a única coisa com a qual vocês deveriam se importar. Se Israel cair, todo o mundo livre cairá", resumiu ele sua visão de mundo.
Seis meses depois, com Trump novamente exercendo o cargo de presidente, ele está cumprindo plenamente seu apoio inabalável ao Estado judeu. Ao contrário das previsões equivocadas feitas desde 2016 de que ele acabaria virando as costas para Israel, Trump está oferecendo total respaldo às ações de Israel em todas as frentes — Síria, Líbano, Gaza, reféns, ajuda humanitária, envio de bombas, sistemas de defesa antimísseis THAAD, reforço das forças americanas no Oriente Médio e um segundo encontro com o primeiro-ministro israelense em apenas dois meses. Essa última reunião foi organizada de forma improvisada — um acontecimento sem precedentes. Israel está recebendo tudo isso, sem que qualquer outro país receba tratamento semelhante.
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Netanyahu com Trump | Foto: Avi Ohayon/GPO |
Ele não abandonou – e não vai abandonar
Para quem ainda se pergunta se a Casa Branca de hoje apoia com orgulho Netanyahu, basta um olhar na conta oficial de Trump no X (antigo Twitter) para ter a resposta. "O Presidente Trump recebe Netanyahu para uma segunda reunião na Casa Branca", declararam seus porta-vozes em letras vermelhas em destaque, junto com um vídeo do presidente mais uma vez saudando o primeiro-ministro israelense — um nível de respeito que nem todo líder mundial recebe.
Todo esse contexto, incluindo o gesto simbólico de oferecer a Netanyahu uma cadeira, deixa claro que, mesmo antes que o conteúdo completo da reunião da noite passada fosse revelado, Trump certamente não abandonou — e não vai abandonar — Israel. Naturalmente, podem haver algumas divergências entre as posições dos dois líderes, e o presidente tem seus próprios interesses. No momento, diante da agitação global causada por suas políticas tarifárias, Trump tem interesse em mostrar que líderes mundiais estão correndo para se encontrar com ele a fim de renegociar seus laços comerciais com os Estados Unidos. Coincidentemente, uma das figuras políticas mais reconhecidas do planeta é justamente o Primeiro-Ministro israelense de longa data, Benjamin Netanyahu.
Assim, apesar de a economia de Israel ser pequena em comparação com a da China, do Canadá ou da União Europeia, a visita urgente de Netanyahu à Casa Branca está prestes a se tornar um sinal para outros líderes mundiais. Pelo menos, é isso que Trump quer acreditar — e projetar.
Netanyahu, por sua vez, também tem um claro interesse político e econômico em mostrar ao público israelense que está, no mínimo, conseguindo reduzir as tarifas que Trump impôs a Israel. Uma reunião apressada com esse objetivo na pauta pode representar uma vitória para ambos os lados.
Irã na mesa
Mas, é claro, as tarifas não foram o único assunto em discussão na Casa Branca. As questões de segurança mais urgentes de Israel também estiveram na mesa — e, acima de todas, o Irã. Nesse ponto, também há pouco motivo para preocupação com um acordo ruim. A administração Trump insiste em negociações diretas com o Irã, mas as chances de isso acontecer são mínimas, já que Teerã está disposta apenas a se envolver em conversas indiretas.
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Mísseis e bandeiras iranianas | Foto: Reuters |
Mesmo na improvável hipótese de que o líder supremo Ali Khamenei aceite conversas presenciais com os enviados de Trump, as exigências dos EUA nessa área — que podem surpreender até Israel — devem ser extremamente rígidas: não apenas o congelamento do projeto nuclear e a remoção do urânio enriquecido, mas também o desmantelamento da infraestrutura nuclear, a interrupção do programa de mísseis e o fim do terrorismo global promovido pelo Irã.
Não há qualquer chance de os aiatolás aceitarem tais condições. Portanto, um confronto militar é apenas uma questão de tempo. A única dúvida que resta é qual será o grau de envolvimento dos Estados Unidos.
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