Os Estados Unidos indicaram que pretendem realizar negociações diretas, enquanto Teerã insiste que os contatos ocorrerão de maneira indireta
Autoridades do Irã e dos Estados Unidos anunciaram, neste sábado (12), que abriram negociações para alcançar um consenso acerca do programa nuclear iraniano. As reuniões estão acontecendo na cidade de Mascate, capital de Omã, país localizado na Península Arábica.
Segundo informações oficiais, os representantes dos dois países estão reunidos em salas separadas e se comunicam por meio do chanceler de Omã, Badr bin Hamad al Busaidi, que está encarregado de transmitir as mensagens e posições de cada lado.
A delegação iraniana é liderada por Abbas Araqchi, experiente diplomata que participou do acordo nuclear de 2015. Do lado norte-americano, quem conduz as conversas é Steve Witkoff, enviado especial para o Oriente Médio. Os Estados Unidos indicaram que pretendem realizar negociações diretas, enquanto Teerã insiste que os contatos ocorrerão de maneira indireta.
O diplomata iraniano afirmou, antes do início das tratativas, que o país está em busca de um "acordo justo e digno, baseado na igualdade entre as partes". Ele também ressaltou que, caso os Estados Unidos adotem uma postura semelhante, há possibilidade de se alcançar um entendimento preliminar que possa pavimentar o caminho para futuras negociações.
Araqchi também foi enfático ao afirmar que os diálogos se concentrarão exclusivamente na questão nuclear, deixando de fora temas como o programa de mísseis do Irã e o apoio a grupos como os houthis no Iêmen e o Hezbollah no Líbano — tópicos que Washington deseja incluir.
As divergências de abordagem surgem em um momento em que Trump intensifica a retórica contra Teerã, ameaçando com represálias caso o Irã se recuse a dialogar. Recentemente, ele também sugeriu cortar os laços com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Durante seu primeiro mandato (2017-2021), Trump retirou os EUA do acordo nuclear firmado em 2015 entre o Irã e várias potências mundiais, o qual impunha restrições ao programa nuclear iraniano em troca da suspensão de sanções internacionais.
Desde então, o Irã tem avançado no enriquecimento de urânio além dos limites estabelecidos anteriormente, acumulando, segundo a AIEA, cerca de 274 quilos com pureza de 60% — próximo dos 90% necessários para fins militares.
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