Turquia: milhares de manifestantes vão às ruas após prisão de líder da oposição

Outra manifestação em Istanbul, no início de março (Foto: EFE/EPA/ERDEM SAHIN)

Às 13h locais (7h em Brasília), cerca de 200 mil pessoas já haviam se reunido na esplanada de Maltepe


A manifestação contra o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, e a favor de seu provável rival nas próximas eleições, Ekrem Imamoglu, o prefeito de Istambul suspenso do cargo e preso desde o último domingo acusado de corrupção, teve início neste sábado em uma esplanada à beira-mar na cidade, com a presença de centenas de milhares de pessoas.

O social-democrata Partido Republicano do Povo (CHP), o maior partido de oposição, havia convocado o protesto como forma de apoiar Imamoglu, seu candidato presidencial para as próximas eleições, marcadas para 2028, cuja acusação considera um mero pretexto para eliminá-lo da corrida política.

Às 13h locais (7h em Brasília), cerca de 200 mil pessoas já haviam se reunido na esplanada de Maltepe, e o fluxo de manifestantes continuou a chegar a esse parque à beira-mar no lado asiático de Istambul.

"O metrô está tão lotado que não conseguimos nem descer na estação certa e tivemos que continuar até a próxima e depois voltar a pé, 90% são jovens. Isto é um rio humano. Nunca vi nada parecido em minha vida", disse um participante, o empresário de 65 anos Hassan Yildirim, à Agência EFE.

Entre os primeiros a discursar estavam a esposa do prefeito preso, Dilek Imamoglu, e o prefeito de Ancara, Mansur Yavas, outro peso-pesado do CHP e antigo rival interno de Ekrem Imamoglu para a indicação presidencial, mas que agora o apoia totalmente.

O esquerdista e pró-curdo Partido da Igualdade e Democracia dos Povos (DEM), o terceiro maior partido no Parlamento da Turquia, apoiou na sexta-feira a manifestação e convocou seus apoiadores a comparecerem à esplanada, embora as bandeiras e faixas fossem principalmente do CHP e dos sindicatos de esquerda turcos.

Em discurso para a multidão, o deputado social-democrata Sezgin Tanrikulu descreveu o julgamento de Imamoglu como uma "vingança" para remover da corrida presidencial um político que derrotou o islâmico Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP) de Erdogan nas eleições municipais de 2019 em Istambul.

Quando a primeira eleição daquele ano foi anulada devido à margem mínima de vitória de Imamoglu, o prefeito ganhou por 800 mil votos na nova eleição e ampliou essa vantagem para um milhão na eleição de 2024, tornando-se a figura de oposição mais popular do país.

Sua detenção há dez dias e sua prisão preventiva no domingo passado provocaram grandes protestos não apenas em Istambul, mas também em muitas outras províncias na Turquia, e uma resposta dura do governo, que deteve quase 1.900 pessoas por participarem das manifestações.

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