Netanyahu acusa procuradora-geral de 'traição' por se opor à demissão do chefe do Shin Bet

Premiê de Israel disse que a oposição à saída do diretor do serviço de inteligência interior “em tempos de guerra” é “uma traição perigosa” (Foto: EFE/EPA/Yair Sagi/POOL)

A votação do governo para destituir 
Bar do cargo está marcada para quarta-feira (19)


O Primeiro-Ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, em uma carta divulgada por seu gabinete nesta segunda-feira (17), descreveu como "traição perigosa" e "tentativa de usurpar o governo" a rejeição da procuradora-geral, Gali Baharav-Miara, à demissão do diretor do serviço de inteligência interior (Shin Bet), Ronen Bar.

"Sua tentativa de assumir a autoridade de segurança do governo em tempos de guerra sob o pretexto de assessoramento jurídico é uma traição perigosa – e não a primeira – da autoridade expressa do governo", diz a carta de Netanyahu à procuradora-geral nesta segunda-feira.

Baharav-Miara alertou na noite passada, após o anúncio de Netanyahu de que pretende demitir Bar, que esse é um ato "sem precedentes" e expressou preocupação de que o processo possa estar “contaminado por ilegalidade e conflito de interesses".

"Suas insinuações de suspeita de ilegalidade e conflito de interesses constituem uma completa perversão da Justiça", acrescentou o líder israelense na carta.

Além disso, o primeiro-ministro vê como "manipulação" as palavras de Baharav-Miara, nas quais ela disse que o chefe do Shin Bet "não é um cargo de confiança pessoal a serviço do primeiro-ministro".

"O primeiro-ministro e o governo nunca exigiram um dever de confiança pessoal. Foi o legislador que determinou que o serviço fosse prestado ao governo, e é o primeiro-ministro que está encarregado do chefe do serviço. Portanto, para cumprir seu papel, o governo e o primeiro-ministro devem ter confiança no chefe do serviço e em sua capacidade de liderá-lo com sucesso diante de desafios urgentes. Essa é a confiança que foi prejudicada", indicou.

A votação do governo para destituir Bar do cargo está marcada para quarta-feira (19), embora a procuradora-geral já tenha alertado que essa medida não pode ser levada adiante até que os "fundamentos factuais e legais" da decisão sejam analisados.

Netanyahu disse na carta que a procuradora-geral está "convidada para a próxima reunião do governo", onde ela poderá expressar sua posição legal antes que uma decisão seja tomada.

O Shin Bet está atualmente investigando – após receber ordens da procuradora-geral - vários ex-assessores e porta-vozes do gabinete de Netanyahu por causa do escândalo Catargate, que os envolve em supostos laços financeiros com o Catar.

Na carta, Netanyahu israelense garante que "a intenção de demitir o chefe do Shin Bet não surgiu no contexto da investigação" e considera que ela foi "inventada para minar a autoridade do premiê e do governo israelense" para que eles não pudessem discutir a demissão de Ronen Bar no futuro.

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