Irã não projeta guerra com os EUA, mas se diz 'preparado'

Iranianos queimam estrutura de papelão com caricatura de Trump em Teerã, em ato pelo 46º aniversário da Revolução Islâmica, em fevereiro (Foto: EFE/EPA/ABEDIN TAHERKENAREH)

O chanceler iraniano também se declarou convencido de que "ninguém sequer considerará a ideia de atacar o Irã porque conhece as consequências"

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, disse nesta segunda-feira (24) que não haverá guerra com outro país porque o Irã está "completamente preparado" para um conflito, em meio a ameaças de possível ação militar dos Estados Unidos para forçar Teerã a negociar seu programa nuclear.

"Tenho certeza de que não haverá guerra, porque estamos totalmente preparados. Se não houvesse preparação, a guerra poderia ser imposta", disse Araqchí durante um encontro com o Comitê Nacional de Serviços Integrados do Crescente Vermelho.

O chanceler iraniano também se declarou convencido de que "ninguém sequer considerará a ideia de atacar o Irã porque conhece as consequências", dada a preparação das Forças Armadas, das equipes de emergência e do governo, alegou. "Essa preparação nos dá imunidade", assegurou.

Araqchi enfatizou mais uma vez que Teerã não negociará diretamente com Washington sob pressão e a chamada política de "máxima pressão", que inclui quatro rodadas de sanções contra seu setor petrolífero desde o retorno de Donald Trump à presidência americana.

"Dadas suas políticas e acusações diárias, não nos envolveremos em negociações diretas, embora o caminho para negociações indiretas permaneça aberto", disse o político iraniano.

As declarações de Araqchi ocorreram um dia após o enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, advertir que o Irã deveria negociar seu programa nuclear se quiser evitar uma possível ação militar.

"Vamos sentar e ver se podemos, por meio do diálogo e da diplomacia, chegar ao lugar certo", disse Witkoff, que atua como enviado especial para o Oriente Médio e também está envolvido nas negociações de cessar-fogo na Ucrânia.

Witkoff lembrou que, no início deste mês, Trump enviou uma carta ao líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, pedindo negociações sobre o programa nuclear iraniano, afirmando que "há duas maneiras de lidar com o Irã: militarmente ou chegando a um acordo".

Até agora, o aiatolá rejeitou a oferta de diálogo de Washington, chamando-a de "uma farsa", e advertiu que negociar com o governo Trump só levaria a mais sanções contra a República Islâmica.

No entanto, Araqchí disse na última quinta-feira que a carta de Trump tinha um tom "ameaçador", embora reconhecesse que também apresentava oportunidades.

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