A China manterá conversas com autoridades da Rússia e do Irã para discutir o programa nuclear iraniano, enquanto Washington ressuscita uma campanha de pressão máxima sobre Teerã
A liderança comunista da China receberá autoridades da Rússia e do Irã esta semana para discutir questões relacionadas ao desenvolvimento de armas nucleares.
A reunião desta sexta-feira (14) em Pequim se concentrará em particular na questão do desenvolvimento nuclear do Irã, de acordo com o Ministério das Relações Exteriores da China.
O vice-ministro das Relações Exteriores da China, Ma Zhaoxu, presidirá a reunião e discutirá a questão com os vice-ministros das Relações Exteriores de Moscou e Teerã, comunicou um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, durante uma entrevista coletiva na quarta-feira (12).
A reunião coincide com um encontro a portas fechadas do Conselho de Segurança das Nações Unidas em Nova York no mesmo dia, sobre os crescentes estoques de urânio do Irã, que estão próximos do nível necessário para armas.
A reunião também ocorre logo após o anúncio feito pelo presidente americano, Donald Trump, na semana passada, de que os Estados Unidos tentariam negociar um novo acordo nuclear com o Irã, para substituir aquele do qual se retiraram durante o primeiro mandato do republicano.
Trump reafirmou a posição dos EUA de que o Irã nunca deveria ter permissão para adquirir armas nucleares, e afirmou que estava aberto a um novo acordo nuclear ou então poderia recorrer à ação militar.
"Haverá alguns dias interessantes pela frente. É tudo o que posso dizer. Sabe, estamos nos golpes finais com o Irã… [nós] não podemos deixá-los ter uma arma nuclear", declarou Trump na época.
"Escrevi uma carta para eles dizendo: 'Espero que vocês negociem porque se tivermos que entrar militarmente, será uma coisa terrível'", acrescentou.
Teerã não tem nenhuma arma de destruição em massa no momento. Ainda assim, continuou a enriquecer urânio em níveis próximos ao nível de armas desde que Trump encerrou um acordo nuclear bilateral em 2018, que havia imposto limites a tais atividades.
O relatório da Agência Internacional de Energia Atômica, sediada em Viena, no mês passado, apontou que o Irã tem cerca de 605 libras de urânio enriquecido até um limite de 60%.
Essa pureza está a um pequeno passo técnico de ser convertida aos 90% necessários para uma arma nuclear, representando um aumento de cerca de 40% na quantidade de urânio enriquecido do Irã, desde agosto passado.
Segundo o relatório, tal quantidade permitiria que Teerã produzisse cerca de meia dúzia de armas nucleares, se assim o desejasse.
Por sua vez, Moscou sugeriu que estaria disposta a trabalhar como intermediária entre Washington e Teerã, enquanto o governo Trump tenta normalizar as relações com a Rússia.
Os laços entre o Irã e a Rússia se aprofundaram desde a invasão em grande escala da Ucrânia em 2022, com as duas potências assinando um tratado de cooperação estratégica trocando armas e conhecimentos militares.
Ambas as potências também têm estreitas parcerias diplomáticas e econômicas com a China comunista.
Pequim está no meio de seu próprio avanço nuclear e, nos últimos anos, agiu rapidamente para expandir e modernizar seu arsenal nuclear contra as reclamações dos Estados Unidos e de seus aliados.
O Pentágono avaliou que a China terá mais de 1.000 ogivas nucleares até 2030 e que atualmente mantém mais lançadores terrestres para mísseis de longo alcance do que os Estados Unidos.
O líder do Partido Comunista Chinês, Xi Jinping, disse anteriormente que apoia os esforços do Irã para se proteger, e a China se tornou uma peça central nos esforços do país muçulmano para contornar as sanções internacionais sobre suas vendas de petróleo.
A China começou a importar uma quantidade recorde de petróleo iraniano, após a imposição de sanções internacionais em 2022.
No ano seguinte, entidades estatais chinesas fizeram acordos de troca com o Irã, contornando completamente a necessidade de transações cambiais sancionáveis, incluindo um investimento de US$ 2,64 bilhões no maior aeroporto do Irã.
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