Pahlavi, que se autoproclama defensor de um Irã democrático e secular, fugiu do país com sua família após a Revolução Islâmica de 1979
Com indícios de que o Irã pode estar reconsiderando uma confrontação com o novo governo dos EUA, o príncipe herdeiro exilado Reza Pahlavi tem um recado para o Presidente dos EUA, Donald Trump: não cair no "pragmatismo fingido" do Irã.
A declaração de Pahlavi ocorre no momento em que Mohammad Javad Zarif, vice-presidente do Irã para assuntos estratégicos, pediu para os EUA começarem novas negociações com Teerã sobre o programa nuclear civil do país.
Pahlavi, que se declara defensor de um Irã democrático e secular, fugiu do país com sua família após a Revolução Islâmica de 1979. Seu pai, Mohammad Reza Pahlavi, foi deposto durante a Revolução Iraniana.
Em um evento no National Press Club em Washington DC, nesta terça-feira (28), Pahlavi disse: "Nas próximas semanas e meses, vocês verão uma face diferente da República Islâmica. Ela não falará a linguagem da jihad, sequestros ou caos. Ela falará de acordos, interesse mútuo e pragmatismo."
Ele acrescentou que os EUA têm uma escolha: ou usar sua influência e a oportunidade histórica para mudar de forma fundamental a trajetória do Oriente Médio, ou cair nas investidas de um regime islâmico radical. Pahlavi alertou que optar pela segunda opção significaria entregar o Oriente Médio de volta aos seus proxies radicais e terroristas.
O príncipe exilado já havia atacado o Irã anteriormente, inclusive durante os ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023. Afirma que o regime iraniano está alimentando os conflitos regionais e publicou no X que o regime deve cair.
"Então, eu digo a vocês, nossos amigos em todo o Oriente Médio—nossa região merece muito mais. Mas para termos sucesso, primeiro, este regime, que nos mantém reféns há quase meio século, precisa cair", disse Pahlavi. "O Oriente Médio já está muito familiarizado com turbulências e reviravoltas. Então, eu sei, vocês podem temer que a mudança traga caos. Mas não temam—não permitiremos que um vácuo de poder se siga ao colapso deste regime", postou ele para seus 1,4 milhão de seguidores.
Enquanto isso, o presidente iraniano Masoud Pezeshkian também deu a entender que o país estaria aberto a negociações com a nova administração Trump sobre o programa nuclear controverso de Teerã, embora os radicais e o Líder Supremo do Irã continuem se opondo publicamente.
A mudança de postura do Irã se deve ao fato de que o país não pode se dar ao luxo de antagonizar Trump e arriscar mais conflitos militares com Israel e até com os EUA, segundo analistas. "Este é um ano muito crítico, principalmente porque o contexto estratégico do Irã mudou drasticamente", disse Vali Nasr, professor da Escola de Estudos Internacionais Avançados da Universidade Johns Hopkins, ao Financial Times. "O que o Irã perdeu foi uma maneira de lidar com Israel e... sua posição ficou mais fraca com os europeus e os americanos", acrescentou.
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