Rússia e Irã acusam EUA de desempenharem papel importante na queda de Bashar al-Assad

O ditador da Rússia, Vladimir Putin, em reunião oficial com o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, em Teerã, 2017 (Foto: EPA/DMITRY AZAROV / SPUTNIK / KREMLIN)

O Irã, juntamente com a Rússia, foi um dos principais aliados de 
Assad, a quem apoiou militar e economicamente nos últimos anos


O líder supremo do Irã, Ali Khamenei, culpou nesta quarta-feira (11) os EUA e Israel pela queda de Bashar al-Assad na Síria.

Khamenei disse que Washington e Jerusalém são os "principais conspiradores" na queda do ditador sírio, afirmando ter provas das ações dos dois países nos últimos acontecimentos regionais.

"Não há nenhuma dúvida de que o que aconteceu na Síria é o produto de um plano conjunto americano-sionista (Israel)", disse a mais alta autoridade política e religiosa do Irã em seu primeiro discurso após a fuga de Assad do país.

"Temos provas disso. Estas evidências não deixam margem para dúvidas", acrescentou Khamenei em seu discurso proferido a iranianos de diferentes partes do país na mesquita Imam Khomeini.

O líder do regime de Teerã afirmou ainda que um "país vizinho da Síria desempenhou um papel óbvio" na queda de al-Assad, em uma referência velada à Turquia, que apoia parte das milícias envolvidas na rápida ofensiva rebelde.

O Irã, juntamente com a Rússia, foi um dos principais aliados de Assad, a quem apoiou militar e economicamente nos últimos anos.

O vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, também deu declarações nesta quarta-feira sobre o alegado papel dos EUA na ofensiva rebelde na Síria.

Segundo Ryabkov, Washington teria agido como um "mestre de marionetes geopolítico" nos acontecimentos na Síria que levaram à queda do ditador Bashar al-Assad.

À agência de notícias russa TASS, o ministro afirmou: "Acho que não seria um exagero dizer que eles não apenas tentaram desempenhar o papel de mestre de marionetes geopolítico, mas até certo ponto o desempenharam e continuam a desempenhá-lo nestes eventos (na Síria)".

Ainda de acordo com o diplomata do regime russo, a história não ensinou nada a Washington, uma vez que suas intervenções nos assuntos dos países do Oriente Médio levaram a consequências trágicas.

"Após a chegada e intervenção dos americanos, permanecem ruínas que em muitos locais ainda não foram restauradas", afirmou o vice-ministro russo.

Moscou disse que a crise política na Síria expõe o país a um perigo real de retorno do Estado Islâmico e outras organizações terroristas.

O Irã, juntamente com a Rússia, foi um dos principais aliados de Assad, a quem apoiou militar e economicamente nos últimos anos.

A Síria integrava o chamado Eixo da Resistência, a aliança informal anti-Israel liderada pelo Irã e composta pelos grupos terroristas Hamas, Hezbollah, pelos rebeldes houthis do Iêmen e por milícias no Iraque.

Esta aliança já tinha sofrido duros golpes desde o início da guerra de Israel contra o Hamas na Faixa de Gaza, como a derrubada do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, e do chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, ambos mortos em ataques israelenses nos últimos meses.

Apesar disso, Khamenei insistiu que o Eixo da Resistência "emergirá mais forte".

Tanto o Irã quanto a Rússia são vistos como países que tiveram grandes perdas com a destituição do ditador Assad.

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