Em 2030, o 'Mundial do Centenário' unirá seis países, um formato único na história do torneio, nascido em 1930 em Montevidéu
Seguindo o roteiro esperado, a Fifa oficializou nesta quarta-feira (11) a designação da sede da Copa do Mundo de 2030 para o trio Espanha, Portugal e Marrocos, com três jogos na América do Sul, e a Arábia Saudita como organizadora do torneio em 2030.
O presidente da Fifa, Gianni Infantino, em discurso transmitido em telão durante cerimônia nesta quarta-feira, em Riad | Reprodução Internet |
As dúvidas geradas pelas questões ambientais e pelos direitos humanos não mudaram os planos da Fifa, que reuniu via videoconferência suas 211 federações-membro para tornar realidade esta dupla designação por aclamação.
Palco da cerimônia organizada em Riad para a designação da Arábia Saudita como sede da Copa do Munod de 2034, anunciada nesta quarta-feira pela Fifa | Reprodução |
Em ambos os casos, eram candidaturas únicas para seus respectivos anos, por isso a concessão era há meses um "segredo aberto".
A Federação Norueguesa de Futebol (NFF), muito crítica à concessão do Mundial de 2022 ao Catar, explicou em comunicado sua recusa a aprovar um processo "defeituoso e incompatível" com os princípios "de responsabilidade, transparência e objetividade" que a Fifa reivindica.
- 100 anos -
Em 2030, o 'Mundial do Centenário' unirá seis países, um formato único na história do torneio, nascido em 1930 em Montevidéu.
Uruguai, Argentina e Paraguai terão três jogos do evento, como lembrança desses 100 anos de vida da competição.
"O Mundial volta para casa", comemorou o presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez.
Esses jogos na América do Sul serão nos dias 8 e 9 de junho de 2030. Seis equipes envolvidas e suas torcidas terão depois que atravessar o Atlântico: Espanha, Portugal e Marrocos receberão os outros 101 jogos, de 13 de junho a 21 de julho.
Com 11 dos 20 estádios propostos, a Espanha deve ser a sede principal e receberá a Copa do Mundo pela segunda vez, depois de organizar a edição de 1982.
O Marrocos, que já se candidatou cinco vezes sem sucesso, será o segundo país africano a sediar o torneio, depois da África do Sul em 2010.
- Diplomacia esportiva saudita -
Espanha e Marrocos disputam para ser palco do jogo de abertura e da final, propondo, respectivamente, o Santiago Bernabéu ou o Camp Nou, ou o futuro estádio Hassan II, entre Casablanca e Rabat.
Essa sede marroquina pretende ser "o maior estádio do mundo", com capacidade para 115 mil espectadores.
Portugal agrega ao projeto os dois estádios principais de Lisboa (os de Benfica e Sporting) e o do Porto. Os portugueses querem principalmente receber uma das semifinais.
"Um sonho tornado realidade. Portugal vai receber o Mundial 2030 e encher-nos de orgulho. Juntos!", escreveu o astro Cristiano Ronaldo nas redes sociais.
Utilizando o princípio de rodízio geográfico, a Fifa limitou a sede de 2034 a confederações de Ásia e Oceania.
A Arábia Saudita, país que nos últimos anos se destacou no cenário esportivo com altos investimentos, foi candidata única após as desistências de Austrália e Indonésia, e do arrefecimento das ambições da China no futebol.
O reino conservador, que apostou em uma estratégia de diversificação econômica e de melhorar sua imagem, só tem agora dois dos 14 estádios com mais de 40 mil lugares que são necessários.
Além do desafio logístico, as altas temperaturas do verão saudita pode obrigar a mudar as datas habituais do torneio, como acontecem no Catar em 2022. também será preciso conciliar no caso de 2034 o Ramadã, previsto então para dezembro.
- "Vidas em risco" -
A fórmula com três continentes de 2030 foi recebida já no ano passado com dúvidas por seu impacto ambiental e pelos custos adicionais para os torcedores, mas é a escolha da Arábia Saudita a maior fonte de críticas e temores.
"Põe vidas em risco e revela a superficialidade dos compromissos da Fifa em matéria de direitos humanos", alertaram ONGs (entre elas a Anistia Internacional e a Human Rights Watch) e representantes de associações de torcedores em um comunicado conjunto.
"Hoje não faltam provas: trabalhadores migrantes explorados e vítimas de racismo, militantes condenados a dezenas de anos de prisão por terem se manifestado pacificamente, mulheres e pessoas LGBTQIA+ confrontadas com uma discriminação legalizada e também habitantes expulsos à força para dar lugar a projetos do Estado", listou o texto.
Em seu relatório de avaliação, a Fifa considerou que os compromissos sauditas em matéria de direitos humanos representam "um esforço significativo em tempo e energia" daqui até 2034, mas vê também "uma probabilidade não negligenciável de que a competição sirva como catalisador para as reformas em curso e as que estão por vir".
O presidente da Fifa, Gianni Infantino, abordou a questão da Arábia Saudita em seu discurso final.
"É claro que estamos muito conscientes das críticas e dos temores", disse Infantino, antes de afirmar que a Copa do Mundo é "um catalisador único" que pode ter "um impacto positivo nos direitos humanos".
*Com informações das agências internacionais
*Com informações das agências internacionais
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