Príncipe saudita acusa Israel de 'genocídio coletivo' e manifesta apoio ao Irã

O príncipe herdeiro e primeiro-ministro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman (à direita), em encontro com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, em Riad na segunda-feira (11)| Foto: EFE/EPA/Presidência da Turquia

A fala chama a atenção porque a Arábia Saudita vinha evitando um tom mais agressivo nos comentários sobre Israel

O príncipe herdeiro e primeiro-ministro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, conhecido como MBS, adotou a retórica de líderes de outros países islâmicos, como o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, e acusou Israel de perpetrar um "genocídio coletivo" na Faixa de Gaza.

Segundo informações do jornal
The Times of Israel, MBS fez as críticas durante uma reunião de líderes de nações islâmicas em Riad, capital saudita, na segunda-feira (11).

Ele manifestou "a condenação e rejeição categórica do genocídio coletivo cometido por Israel contra o povo irmão palestino, que custou a vida de 150 mil mártires, feridos e desaparecidos, a maioria dos quais são mulheres e crianças".

"Afirmamos que os crimes contínuos de Israel contra pessoas inocentes, sua persistência em violar a santidade da abençoada Mesquita de Al-Aqsa e sua detração do papel central da Autoridade Palestina em todos os territórios palestinos minarão os esforços voltados para obter os direitos legítimos do povo palestino e estabelecer a paz na região", acrescentou o príncipe e premiê saudita.

MBS também defendeu o Irã, ao afirmar que a comunidade internacional deve "obrigar Israel a respeitar a soberania do Irã e não atacar territórios [iranianos]" – em referência ao recente ataque israelense ao Irã, uma resposta a ofensivas diretas iranianas e dos grupos terroristas que Teerã apoia.

A fala chama a atenção porque a Arábia Saudita vinha evitando um tom mais agressivo nos comentários sobre Israel desde os ataques do grupo terrorista Hamas ao território israelense, em outubro de 2023, e o início da guerra em Gaza que esses atentados desencadearam.

Antes dos ataques do Hamas, o premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, havia afirmado que o país estava em negociações com a Arábia Saudita para estabelecer relações diplomáticas. Entretanto, Riad sempre condicionou tais conversas à criação de um Estado palestino.

As negociações entre Israel e Arábia Saudita teriam sido uma das motivações dos ataques do Hamas em outubro de 2023, que teriam o objetivo de sabotar as conversas – que, de fato, foram interrompidas em seguida.

A Arábia Saudita, aliada dos Estados Unidos, e o Irã são rivais geopolíticos e já travaram conflitos por procuração, como no Iêmen, atualmente em cessar-fogo, mas em março de 2023 reataram relações após sete anos de ruptura, em negociações intermediadas pela China.

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