MPT investiga maus-tratos, agressões e jornadas abusivas contra operários chineses na fábrica da BYD na Bahia

Carros elétricos da BYD esperando para serem carregados em um navio são vistos empilhados no terminal internacional de contêineres do Porto de Taicang em Suzhou, na província de Jiangsu, no leste da China, em 8 de fevereiro de 2024. (Foto da AFP) / China Out (Foto de STR/AFP via Getty Images)

Outras três empresas da China são alvos do inquérito; imagens mostram os estrangeiros apanhando e bebendo água da poça

O Ministério Público do Trabalho da Bahia (MPT-BA) abriu inquérito para investigar denúncias de maus-tratos e agressões físicas a operários chineses terceirizados na fábrica da gigante de carros elétricos BYD, em Camaçari, no interior baiano. 

A denúncia anônima, apresentada no dia 30 de setembro, relata jornadas de trabalho superiores a 12 horas, sem folga e sem equipamentos de proteção individual (EPIs).

Imagens obtidas pela Agência Pública também mostram que os estrangeiros sofreram violência física Os superiores utilizavam socos e pontapés para "disciplinar" os operários.

Sem acesso à água potável, trabalhadores foram vistos saciando a sede diretamente em poças sujas. As condições de alojamento também foram descritas como precárias: sem iluminação e sem limpeza regular nos banheiros.

Além da BYD, outras três empresas chinesas terceirizadas também estão sob investigação. Jinjiang Group, AE Corp e Open Steel são parceiras globais da montadora e teriam sido as  responsáveis por trazer os trabalhadores da China para o Brasil.

No dia 11 de novembro, o MPT-BA realizou uma inspeção na fábrica. Segundo o procurador Bernardo Guimarães, responsável pelo inquérito, é possível que uma nova vistoria aconteça.

"As informações que colhemos até o momento apontam para a necessidade de correção de procedimentos relativos ao meio ambiente de trabalho, para garantir a saúde e a segurança dos empregados", explicou Guimarães

O MPT-BA analisará os documentos solicitados à BYD e às outras três empresas envolvidas na realização da obra em Camaçari. Os investigadores também requisitaram cópias dos contratos de trabalho e dos vistos de trabalho dos chineses, além dos planos de prevenção de acidentes e saúde ocupacional.

Em nota, a BYD reconheceu o problema e afirmou que já afastou os agressores. A empresa chinesa declarou ter recebido com "repúdio as imagens relacionadas ao tratamento dado por profissionais de empresas terceirizadas aos trabalhadores na construção da fábrica de Camaçari (BA)".

A fábrica da BYD em Camaçari está localizada no complexo da Ford, fechado em 2021 e adquirido pela montadora chinesa por US$ 3 bilhões em julho de 2023.

*Com informações do The Epoch Times

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