Trump fala sobre tentativa de assassinato e culpa 'esquerda radical' pela violência

O candidato do Partido Republicano à presidência dos EUA, Donald Trump | Foto: EFE/EPA/ALLISON DINNER

No decorrer da conversa, Trump expressou preocupação com as investigações sobre o ataque perpetrado por Crooks e levantou questões sobre o processo


O candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, falou nesta segunda-feira (16) sobre a nova tentativa de assassinato perpetrada contra ele neste domingo (15) na Flórida.

Em uma conversa com o influenciador Farokh Sarmad, na ferramenta Spaces da rede social X, de Elon Musk, Trump deu detalhes sobre o momento em que ficou sabendo que estava sob a mira de um novo assassino. A nova tentativa de assassinato ocorreu enquanto o republicano estava em seu campo de golfe, jogando com amigos. A conversa foi acessada pela Gazeta do Povo a partir de uma conexão de fora do Brasil.

"Eu estava jogando golfe com alguns amigos, era uma manhã de domingo, muito tranquila e o tempo estava lindo. Tudo estava maravilhoso, um ótimo lugar para estar, e de repente ouvimos tiros no ar, acho que uns quatro ou cinco", disse. "[...] O Serviço Secreto soube imediatamente que eram balas, e eles me pegaram, e acho que outro também, Steve Woodcuff, um dos meus amigos [...] Estávamos em grupo e todos simplesmente entramos nos carrinhos de golfe e saímos bem rápido. Eu estava com um agente e ele fez um trabalho fantástico. Não havia dúvidas de que sairíamos daquele campo. Eu adoraria ter finalizado aquela última tacada, mas decidimos: é melhor sairmos daqui", lembrou Trump.

O republicano descreveu que os tiros que ele escutou naquele momento na verdade foram disparados por um dos agentes do Serviço Secreto, que já tinha conseguido avistar o homem que se preparava para atentar contra sua vida.

"Um agente do Serviço Secreto tinha visto o cano de uma AK-47, que é um rifle muito poderoso, e começou a atirar no cano, atirando nos arbustos. Ele só podia ver o cano [da arma]", contou Trump. "Com base nisso, ele começou a atirar e correu em direção ao alvo. Foram esses os tiros que ouvimos", disse ele.

Trump afirmou que o homem que queria assassiná-lo nunca nem sequer chegou a disparar uma bala e correu no momento em que foi alvo dos disparos efetuados pelo agente do Serviço Secreto.

"O outro atirador [Ryan Wesley Routh, o assassino] nunca conseguiu disparar, e ele correu para o outro lado da rua, entrou em seu carro ou caminhonete, e, incrivelmente, um civil naquela área viu algo suspeito, e dirigiu seu carro para trás da caminhonete desse homem, tirou fotos da placa e as entregou ao escritório do xerife", disse.

O candidato à Casa Branca enfatizou que "em um período relativamente curto, eles [as autoridades] rastrearam o homem [Routh] pelas rodovias. Houve uma perseguição em alta velocidade, e eles o pegaram. Pegaram ele. Você não gostaria de ter alguém assim à solta, sabe, ele largou sua arma, a AK-47, deixou a arma para trás. Deixou câmeras para trás, deixou muitas coisas para trás".

Trump elogiou "o civil", que afirmou ser uma mulher, que entregou detalhes do carro do assassino, e também as autoridades pelo "trabalho fantástico" que fizeram. Ele disse que espera que Routh fique um bom tempo preso.

"O agente fez um trabalho fantástico. O civil fez um trabalho fenomenal. Uma mulher. Quero dizer, quem imaginaria algo assim? Quantas pessoas teriam a presença de espírito para segui-lo [o assassino], tirar fotos da parte de trás do caminhão, e foi assim que conseguiram pegá-lo. O ponto-chave foi a placa. Eles pegaram a placa e, depois disso, existe toda essa tecnologia que literalmente pode rastrear onde o veículo está. Eu nunca soube que algo assim existia, e eles o localizaram na rodovia. Pegaram ele em uma perseguição em alta velocidade. Foi incrível. O Serviço Secreto fez um excelente trabalho. E acho que posso dizer, honestamente, que o escritório do xerife e as forças da lei, todos fizeram um ótimo trabalho. Estou feliz com isso", disse. 

Sarmad lembrou que esta foi a segunda tentativa de assassinato contra Trump e perguntou ao republicano qual era sua opinião sobre isso. Trump então culpou novamente a retórica dos democratas e a esquerda radical pela violência eleitoral.

"Há muita retórica em jogo, certo?", disse Trump, lembrando que membros do Partido Democrata insistem em investir na ideia de que ele é uma "ameaça à democracia". "Parece que essas duas pessoas eram da esquerda radical", afirmou o republicano, se referindo a Routh e a Thomas Crooks, o assassino que tentou tirar sua vida durante um ataque contra seu comício em Butler, na Pensilvânia.

No decorrer da conversa, Trump expressou preocupação com as investigações sobre o ataque perpetrado por Crooks e levantou questões sobre o processo.

“A primeira pessoa [Thomas Crooks] eles ainda precisam investigar mais sobre ela. Eles têm aplicativos que ainda não abriram, o que é bem estranho. E o pai do atirador [Matthew Brian Crooks] contratou o maior advogado do estado da Pensilvânia, o que é bem estranho, estamos falando do pai do atirador em Butler, o primeiro caso. E isso é bem estranho. Algumas coisas bem estranhas estão acontecendo ali. Posso dizer isso", afirmou Trump, que, no mesmo momento, voltou a elogiar o trabalho dos agentes do Serviço Secreto durante o atentado na Pensilvânia.

Na conversa, o republicano lamentou a morte de Corey Comperatore, um cidadão chefe dos bombeiros voluntários da cidade de Butler que estava presente no comício na Pensilvânia e foi acertado de forma fatal pelos tiros de Crooks. Ele também agradeceu aos médicos por terem salvado a vida dos demais indivíduos que ficaram feridos naquele momento. Trump disse que conseguiu levantar fundos para ajudar as famílias dos atingidos.

Política interna e externa

Na conversa no Spaces, Trump voltou a fazer duras críticas à gestão do atual presidente dos Estados Unidos, o democrata Joe Biden, e comentou sobre questões internacionais, como os conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio. Trump afirmou novamente que, sob sua liderança, esses problemas não teriam ocorrido. Ele destacou que a guerra entre Rússia e Ucrânia, assim como o ataque do grupo terrorista Hamas contra Israel, poderiam ter sido evitados se ele estivesse no cargo.

"Não teria havido um 7 de outubro [invasão do grupo terrorista Hamas em Israel, que desencadeou a guerra em Gaza]. Não teria havido a Rússia atacando a Ucrânia", disse.

O republicano expressou preocupação com o número de mortes e a devastação causada pelo conflito na Ucrânia, alegando que os números reais são muito superiores aos que já foram reportados. Ele se comprometeu a resolver a guerra no leste europeu antes mesmo de assumir o cargo, caso vença as eleições de novembro. Trump novamente não comentou sobre como resolveria o conflito.

"Quero que a Rússia se resolva com a Ucrânia e pare com isso [a guerra]. Milhões de pessoas estão morrendo, muito mais do que os números que você lê. Mas quero resolver isso antes mesmo de assumir o cargo. Quero resolver isso como presidente eleito, porque tem que ser resolvido", disse Trump.

Trump ainda afirmou na conversa que a retirada conturbada das tropas americanas do Afeganistão, sob o comando de Biden, foi o "momento mais embaraçoso da história" dos EUA e um dos fatores que, segundo ele, desencadeou a invasão russa à Ucrânia. De acordo com o ex-presidente, a fraqueza mostrada pelos Estados Unidos nessa ocasião teria dado um "sinal verde" para o ditador russo, Vladimir Putin, avançar no território ucraniano.

"A Rússia nunca teria entrado na Ucrânia se não fosse por isso. Eles olharam para isso e disseram: 'este país não é mais governado por Trump. Este país é governado por pessoas estúpidas'", declarou.

Além das questões de política externa, Trump fez duras críticas à economia dos Estados Unidos, mencionando a inflação como um dos maiores problemas enfrentados pelo povo americano. Ele responsabilizou diretamente Biden pela alta dos preços e por não tomar medidas eficazes para conter o aumento do custo de vida. Segundo Trump, a inflação "prejudicou as pessoas de forma muito grave".

"Se eu não ganhar, só vai piorar. Vai ficar muito ruim. Vamos acabar sendo a Venezuela com esteroides. Vamos acabar em depressões do tipo de 1929, e temos que garantir que essa pessoa [Kamala Harris, sua nova adversária do Partido Democrata] não entre no poder. Isso é muito pior do que Biden", lembrou Trump, que voltou a classificar Harris como "marxista". "Temos que salvar nosso país. Não podemos brincar, não podemos ter um presidente marxista comunista", disse o republicano.

O ex-presidente aproveitou para destacar também na conversa sua relação com a China, afirmando que acredita que os comunistas e os EUA podem voltar a ter "boas relações".

"Golpe contra Biden"

Trump
também comentou a substituição de Joe Biden como candidato à reeleição pelo Partido Democrata. Para o republicano, o presidente americano foi alvo de um "golpe" dentro de seu próprio partido.

"[...] Se você pensar nisso, foi um golpe contra um presidente. Ele [Biden] venceu [as primárias democratas]. Ele tinha 14 milhões de votos. Ela [Kamala, substituta de Biden] não tinha votos. Loucura. Nancy Pelosi [democrata ex-presidente da Câmara dos EUA] entrou com alguns outros, e eles disseram: 'queremos que você [Biden] saia'. Ele disse: 'eu não vou sair. Eu quero concorrer'", afirmou Trump.

"Eu estava à frente dele por muito após o debate [onde Biden foi péssimo contra o republicano], mas ainda assim, ele tinha o direito de concorrer. E foi literalmente um golpe no sentido mais verdadeiro. Este foi o primeiro golpe contra um presidente americano, e acho que é, você sabe, olhe, eu não digo justo ou não justo. Ele foi muito gentil ao ligar para saber se eu estava bem [após o atentado na Pensilvânia], para saber se, você sabe, há alguma sugestão, ou se precisamos de mais pessoas na minha equipe de segurança, porque temos 50, 60 mil pessoas aparecendo nos eventos, e, você sabe, outras pessoas não têm isso. Mas ele não poderia ter sido mais gentil", disse o republicano sobre o atual presidente dos EUA. "[...] Ele foi tratado muito injustamente. Ele passou por um sistema de primárias, ele venceu, e então eles o jogaram ao mar e ela [Kamala] não teve nenhum voto", afirmou Trump.

*Com informações da Gazeta do Povo

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