A visita de Orbán revoltou dirigentes da UE
O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, que exerce a presidência rotativa da União Europeia (UE), visitou nesta sexta-feira (5) em Moscou o ditador da Rússia, Vladimir Putin, e falou sobre propostas de cessar-fogo na guerra dos russos contra a Ucrânia.
"A paz é o que precisa ser alcançado", escreveu o primeiro-ministro no Facebook, num post que mostrou fotos da reunião. Na terça-feira (2), ele havia visitado o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em Kiev, onde também pediu um cessar-fogo no conflito iniciado em fevereiro de 2022.
Putin, que recentemente impôs como condições para a paz que a Ucrânia aceite ceder mais território além do já ocupado pelos russos e que Kiev desista de aderir à OTAN, culpou o lado ucraniano pela falta de negociações.
"Tenho dito repetidamente que sempre estivemos e continuamos abertos a discutir um acordo político e diplomático. No entanto, do outro lado, ouvimos falar da relutância em resolver os problemas desta forma específica [negociando]", disse o ditador russo.
Kiev afirmou que só aceita iniciar negociações caso a Rússia deixe as áreas ocupadas.
A visita de Orbán revoltou dirigentes da UE. O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse que a Hungria, apesar da presidência temporária do bloco, não tem autoridade para manter conversações de paz com a Ucrânia e a Rússia em nome da UE.
Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, escreveu no X que "o apaziguamento não vai parar Putin", "apenas a unidade e a determinação [de todos os membros da UE] abririam o caminho para uma paz abrangente, justa e duradoura na Ucrânia".
Aliado de Putin, Orbán é o maior crítico da ajuda militar e financeira à Ucrânia dentro da OTAN.
Ele se recusou a permitir o envio de armas para a Ucrânia através do território húngaro, se opôs às sanções da União Europeia ao petróleo e gás russos e resistiu durante meses à aprovação de um pacote de ajuda do bloco de 50 bilhões de euros para Kiev e à adesão da Suécia à OTAN, vetos que finalmente derrubou no início deste ano.
Em março, ele disse que a guerra contra a Ucrânia vai acabar caso Donald Trump vença a eleição presidencial nos Estados Unidos, porque o republicano "não dará um único centavo" para Kiev e "é óbvio que a Ucrânia não consegue se manter sozinha".
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