Partido de Le Pen cogita aproximação com direita clássica para formar maioria na França

Presidente do partido francês de direita Rally Nacional (RN-Rassemblement National em francês) Jordan Bardella e a líder parlamentar do partido, Marine Le Pen | Foto: EFE/EPA/Guillaume Horcajuelo

O RN e seus aliados conservadores obtiveram neste domingo 33,15% dos votos no primeiro turno das eleições legislativas


O direitista Reagrupamento Nacional (RN) de Marine Le Pen e Jordan Bardella está analisando movimentos estratégicos para se aproximar dos Republicanos (LR), o partido da direita clássica da França, para tentar expandir sua base e estabelecer uma maioria para formar um governo após as eleições legislativas.

"Vamos estudar caso a caso cada círculo eleitoral", declarou Bardella à imprensa nesta segunda-feira (1º), quando questionado sobre a possibilidade de alguns dos seus candidatos desistirem de concorrer ao segundo turno no próximo domingo (7) e assim abrirem o caminho para a vitória de outros candidatos de direita.

Na entrada para uma reunião do comitê executivo do RN, o candidato a primeiro-ministro reconheceu que "um certo número de decisões terá de ser tomado".

"Se tivermos que evitar uma possível vitória dos candidatos de A França Insubmissa (LFI) e da extrema-esquerda, vamos examinar caso a caso", frisou Bardella, referindo-se à renúncia de alguns dos seus candidatos, antes de ressaltar que "obviamente" isso não será feito para favorecer o presidente francês, Emmanuel Macron.

O RN e seus aliados conservadores obtiveram neste domingo 33,15% dos votos no primeiro turno das eleições legislativas, uma vitória contundente e inédita que agora espera para ver como se concretizará no número de cadeiras no segundo turno, onde as configurações nos duelos e nos triangulares terão muito peso na disputa pelos círculos eleitorais em jogo.

As primeiras projeções feitas pelos institutos de pesquisa apontam como muito improvável que o partido de
Bardella consiga a maioria absoluta (pelo menos 289 cadeiras) apenas com o apoio do presidente do LR, Éric Ciotti, que implodiu seu partido ao pactuar com a direita nacionalista.

A empresa de sondagens Elabe é uma das poucas que contempla esta possibilidade, estimando que o RN poderá conseguir entre 255 e 295 deputados.

Dessa forma,
Bardella, que afirmou que só governará se tiver maioria absoluta, porque caso contrário não conseguiria aplicar seu programa, está estendendo laços na direção do LR e de outros candidatos de direita, que juntos conseguiram 10% dos votos no primeiro turno e que, segundo a Elabe, poderiam obter de 35 a 45 assentos.

A linha que o LR traçou é não recuar nos círculos eleitorais em que conseguiu passar ao segundo turno e não dar instruções de voto nos restantes, depois de ter criticado duramente tanto a Nova Frente Popular, que reúne os partidos de esquerda, como o RN, alertando que "seu programa demagógico trará caos e empobrecimento ao nosso país".

Além da possível aproximação do LR, o foco do discurso de
Bardella para o segundo turno é alertar para o "perigo existencial para a França" que representa aos seus olhos a Nova Frente Popular dos partidos de esquerda.

Bardella
esforçou-se em apresentar a votação do próximo domingo como um confronto entre sua proposta, "uma ruptura responsável", e a do líder da LFI, Jean-Luc Mélenchon, ciente de que sua figura é muito controversa mesmo entre a esquerda e constitui um verdadeiro espantalho para eleitores de centro e de direita.

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