O primeiro seria dizer à Ucrânia que só receberá mais ajuda militar dos Estados Unidos se iniciar conversações de paz
No debate da CNN de quinta-feira (27) à noite contra o presidente dos Estados Unidos, o democrata Joe Biden, o candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, fez uma promessa surpreendente: disse que conseguirá um acordo para pôr fim à guerra na Ucrânia antes mesmo de tomar posse, em janeiro, caso seja eleito em novembro.
Trump, como em outras ocasiões, afirmou que a invasão da Rússia à Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022, não teria ocorrido se ele fosse o presidente americano. Ao mesmo tempo, entretanto, não detalhou como pretende acabar com o conflito.
Em abril, o jornal americano Washington Post informou que Trump pretendia pressionar a Ucrânia para que cedesse a Crimeia e a região de Donbass à Rússia, ambas ocupadas (a primeira totalmente, a segunda parcialmente) pelas tropas do ditador Vladimir Putin.
O periódico citou como fontes pessoas que teriam discutido o assunto com Trump ou com os seus assessores e que falaram sob a condição de anonimato.
Porém, um assessor do republicano negou ao jornal The New York Post que ele estava cogitando tal plano.
No debate de quinta-feira, Trump disse que os termos exigidos por Putin para a paz (mais território ucraniano além do ocupado e que Kiev desista de aderir à OTAN) não são "aceitáveis".
Esta semana, a Reuters publicou uma reportagem apontando que outro plano foi apresentado a Trump e que o candidato republicano teria respondido de forma favorável.
Em entrevistas à agência, o tenente-general reformado Keith Kellogg e Fred Fleitz, que foram chefes de gabinete no Conselho de Segurança Nacional durante o governo de Trump (2017-2021), disseram que a proposta tem três eixos principais.
O primeiro seria dizer à Ucrânia que só receberá mais ajuda militar dos Estados Unidos se iniciar conversações de paz.
O segundo seria alertar a Rússia que qualquer recusa em negociar teria como resposta mais envio de armas americanas aos ucranianos.
O terceiro eixo seria um cessar-fogo durante as negociações de paz baseado nas linhas de batalha que estão prevalecendo atualmente no conflito.
Fleitz disse que Trump gostou da proposta, mas oficialmente, tanto o conselheiro quanto a campanha do republicano se recusaram a confirmar que esse deve ser o plano de Trump caso eleito.
"Não estou afirmando que ele concordou ou que concordou com cada palavra, mas ficamos satisfeitos em receber o feedback que recebemos", afirmou.
Putin se diz aberto a negociações de paz, embora tenha imposto as condições que Trump considerou inaceitáveis no debate. Já a Ucrânia condiciona iniciar conversas à saída das tropas russas do país.
Trump, assim como muitos colegas de Partido Republicano, tem criticado o envio de armas a Kiev sem que haja uma perspectiva de paz.
Em um discurso na Carolina do Sul em fevereiro, ao criticar o plano dos democratas de "dar mais US$ 60 bilhões" para a Ucrânia, que acabou sendo aprovado no Congresso americano em abril, ele disse: "Façam assim. Emprestem o dinheiro. Se eles [ucranianos] conseguirem, eles nos pagam de volta. Se eles não conseguirem, não terão que nos pagar de volta".
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