"Todos os dias a guerra em Gaza aumenta, a nossa dor e a dor do povo aumentam. O que o Hamas está esperando?"
Palestinos que vivem em Gaza conversaram com agências de notícias nos últimos dias, declarando sua indignação com o Hamas devido à continuidade da guerra, segundo informações do jornal Times of Israel.
Numa rara censura ao grupo terrorista, moradores da Faixa de Gaza fizeram uma série de críticas às lideranças que governam o enclave, dizendo que o conflito e a demora em alcançar uma trégua devastaram suas vidas e de suas famílias desde 7 de outubro.
"O Hamas conduziu o povo palestino a uma guerra de aniquilação", disse uma fonte identificada como Umm Ala, de 67 anos, que precisou buscar refúgio em duas oportunidade na região devido à guerra.
"Se os líderes do Hamas estivessem interessados em acabar com esta guerra e acabar com o sofrimento do povo palestino, teriam concordado [com um acordo]", acrescentou o entrevistado, que está abrigado em Khan Younis, a principal cidade do sul da Faixa.
Outra fonte, identificada como Abu Eyad, de 55 anos, que vive no norte do enclave atualmente, disse que o Hamas "zombou da dor e da destruição" da população ao iniciar o conflito com Israel.
Eyad, cujos três filhos vivem com parentes em diferentes pontos de Gaza, voltou suas críticas às lideranças do grupo, que vivem fora do enclave, principalmente para o líder maior da milícia, Ismail Haniyeh, que está localizado no Catar. Segundo ela, enquanto a população sofre os efeitos da guerra, eles [líderes terroristas] estão dormindo confortavelmente, comendo e bebendo".
Abu Shaker, de 35 anos, afirmou estar cansado de fazer parte do conflito. "Estamos cansados, estamos mortos, estamos destruídos e as nossas tragédias são incontáveis", disse.
"O que você está esperando?", questionou, dirigindo-se ao Hamas. "O que você quer? A guerra deve acabar a qualquer custo. Não podemos mais suportar isso", afirmou.
Umm Shadi, de 50 anos, apelou ao Hamas para acabar imediatamente com a guerra, sem tentar controlar e governar Gaza. "O que ganhamos com esta guerra, exceto matança, destruição, extermínio e fome?", questionou ela durante entrevista à AFP.
"Todos os dias a guerra em Gaza aumenta, a nossa dor e a dor do povo aumentam. O que o Hamas está esperando?", concluiu.
Em entrevista à CNN, divulgada nesta sexta-feira (14), um oficial do Hamas, Osama Hamdan, disse que "ninguém sabe quantos reféns ainda estão vivos" dos cerca de 120 que seguem na Faixa de Gaza e que fazem parte dos 240 sequestrados no último dia 7 de outubro.
"Eu não tenho ideia sobre isso. Ninguém tem ideia disso", disse o membro do gabinete político, antes de alegar que, na última operação israelense para libertar quatro dos reféns no sábado passado, três deles morreram, entre os quais estava um cidadão americano.
O destino desses 120 reféns é crucial para qualquer acordo que ponha fim ao prolongado conflito entre Israel e o Hamas, uma vez que a sua libertação é uma das condições exigidas por Tel Aviv para pôr fim à ofensiva contra Gaza, que lançou há mais de oito meses.
Hamdan também reiterou a posição do grupo de que qualquer acordo para libertá-los deve incluir garantias de um cessar-fogo permanente e da retirada completa das forças israelenses de Gaza.
O último plano apoiado pelos Estados Unidos e aprovado pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas na última segunda-feira estabelece que haveria um cessar-fogo de seis semanas em que alguns reféns seriam trocados por prisioneiros palestinos e o Exército israelense se retiraria das áreas povoadas de Gaza.
A segunda fase do plano, que envolveria o fim permanente da guerra e a retirada completa de Israel de Gaza, só seria implementada após novas negociações entre os dois lados.
No entanto, Hamdan disse à CNN que a duração do cessar-fogo era uma questão fundamental para o Hamas, que está "preocupado" com o fato de Israel não ter intenção de avançar com a segunda fase do acordo.
Segundo a emissora americana, a liderança do Hamas evitou repetidamente responder quaisquer perguntas sobre o papel da organização jihadista no sofrimento dos palestinos em Gaza.
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