O primeiro-ministro israelense advertiu que "este não é o momento para políticas mesquinhas ou para leis que coloquem em risco a coalizão"
O Primeiro-Ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, enviou nesta quarta-feira (19) uma mensagem de advertência aos seus parceiros de governo e pediu unidade diante dos desafios da guerra na Faixa de Gaza e da escalada da tensão com o grupo terrorista Hezbollah na fronteira com o Líbano.
"Estamos em guerra em várias frentes e enfrentamos grandes desafios e decisões difíceis", declarou Netanyahu em mensagem de vídeo, depois que o Parlamento não conseguiu aprovar uma lei para aumentar o poder do Grão-Rabinato de Israel (a mais alta autoridade religiosa do país) na eleição de rabinos municipais.
A decisão de última hora de Netanyahu de não colocar o projeto de lei em votação devido à falta de apoios gerou críticas de um dos principais parceiros da coalizão, o líder do partido ultraortodoxo Shas, Aryeh Deri, que supostamente ameaçou deixar o governo se o projeto de lei não fosse aprovado.
O episódio é mais um exemplo das disputas internas que têm marcado o governo, que está em constante tensão devido às demandas dos diferentes partidos da coalizão, formada por dois ultraortodoxos e dois nacionalistas, além do Likud do primeiro-ministro.
Nesta quarta-feira, o partido de Netanyahu enviou uma dura mensagem a um dos ministros da coalizão, Itamar Ben Gvir, que é líder do partido Poder Judeu, a quem acusou de vazar "segredos de Estado".
De acordo com a imprensa israelense, Netanyahu teria oferecido a Ben Gvir que participasse de reuniões confidenciais sobre questões de segurança se ele apoiasse o projeto de lei dos rabinos, ao qual muitos se opõem com o argumento de que serviria apenas para inflar os gastos públicos em favor dos eleitores do Shas, criando centenas de novos cargos para rabinos municipais.
O Likud descartou os relatos como "falsos", mas admitiu que o próprio Netanyahu havia dito ao ministro que "quem quiser participar de uma equipe limitada de consultas sobre segurança deve provar que não vaza segredos de Estado ou conversas privadas".
O primeiro-ministro israelense advertiu que "este não é o momento para políticas mesquinhas ou para leis que coloquem em risco a coalizão, que está lutando pela vitória contra os inimigos".
Ben Gvir há muito tempo exige que Netanyahu o inclua na tomada de decisões sobre a guerra, especialmente após a saída de Benny Gantz, líder do partido de centro-direita Unidade Nacional. Gvir também quer participar do governo de emergência e do Gabinete de Guerra, criado após os ataques terroristas do Hamas em 7 de outubro do ano passado.
Gantz deixou o gabinete no último dia 9 de junho, depois de acusar Netanyahu de "não ter um plano pós-guerra para a Faixa de Gaza", e Netanyahu dissolveu o órgão.
Em discurso feito nesta quarta-feira na Universidade de Tel Aviv, Gantz defendeu sua decisão de deixar a coalizão de emergência, acusando Netanyahu de "quebrar constantemente a unidade com seu comportamento" e pedindo a realização de novas eleições antes que se complete um ano do início da guerra contra o Hamas.
Nesta semana, milhares de israelenses estão participando de uma série de protestos em todo o país para exigir a saída de Netanyahu do poder e a negociação de um acordo de cessar-fogo com o Hamas que libertaria os reféns israelenses na Faixa de Gaza, algo justamente a que se opõe Ben Gvir, que ameaçou derrubar o governo se Israel encerrar a guerra.
*Com informações da Agência EFE
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