Tribunal máximo da ONU pressiona Israel a interromper operações em Rafah

Juízes da CIJ em Haia, na Holanda, durante a audiência em que foram ouvidos os argumentos de Israel, no dia 17 | Foto: EFE/EPA/Lina Selg

A decisão do tribunal superior da ONU tem caráter obrigatório, no entanto a corte não possui força policial para garantir seu cumprimento


A Corte Internacional de Justiça (CIJ), tribunal máximo das Nações Unidas, ordenou nesta sexta-feira (24), por meio de uma decisão colegiada, a interrupção imediata das operações de Israel na cidade de Rafah, em Gaza.

"Israel deve interromper imediatamente a ofensiva militar e qualquer outra ação em Rafah que imponha aos palestinos de Gaza condições de vida que possam provocar sua destruição física total ou parcial", diz um trecho da decisão.

Os juízes determinaram ainda que o governo israelense permita a entrada de ajuda humanitária pela fronteira sul de Gaza e o Egito e garanta acesso ao enclave a observadores internacionais. O prazo para cumprimento das determinações é de um mês.

A decisão surgiu após a corte ouvir argumentos da África do Sul e de Israel, respectivamente, sobre os riscos a civis na Faixa de Gaza após a intensificação da ofensiva do Exército israelense sobre a cidade de Rafah, que representa um "risco extremo" para a "própria sobrevivência" dos palestinos no enclave, segundo os sul-africanos.

Israel reiterou que tem respeitado as leis internacionais, tomando medidas para reduzir o número de mortes de civis, o que inclui avisos de evacuação antes de ações militares em Gaza, mas afirmou que o Hamas continua utilizando infraestruturas civis para esconder seus integrantes e estocar armas.

A decisão do tribunal superior da ONU tem caráter obrigatório, no entanto a corte não possui força policial para garantir seu cumprimento.

O ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, se manifestou afirmando que o país não aceitará a decisão, interpretada por ele como "uma demanda para que Israel não exista".

Já o Hamas recebeu a notícia de forma positiva, declarando em comunicado que o plano do tribunal de enviar representantes à Faixa de Gaza é "bem-vindo".

As operações de Israel em Rafah foram iniciadas no início do mês, após o Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu afirmar que a cidade era o último reduto do Hamas. Desde então, o país tem sofrida intensas críticas da comunidade internacional, inclusive dos Estados Unidos, que anunciou a interrupção temporária do envio de armas pesadas para Tel Aviv.

A nova decisão da ONU deve pressionar ainda mais Israel perante os demais países.

Pedido de libertação de reféns

A CIJ também apelou ao Hamas, nesta sexta, pela "libertação imediata e incondicional" dos reféns sequestrados no ataque de 7 de outubro.

Na decisão, proferida em Haia, a corte afirmou que "é profundamente inquietante que alguns desses reféns permanecem em cativeiro na Faixa de Gaza".

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