O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, está em viagem à Ucrânia, onde se encontrou com o presidente Volodimyr Zelensky
Os Estados Unidos autorizaram o governo ucraniano, liderado pelo presidente Volodymyr Zelensky, a usar armas norte-americanas para atacar a Rússia, em meio ao agravamento da situação militar no país em guerra. A decisão foi tomada nesta quarta-feira (15).
Em uma coletiva de imprensa em Kiev, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, declarou que seu país "não encoraja o uso" de mísseis e munição contra o território russo, pois isso pode intensificar a resposta de Vladimir Putin, mas que a decisão de usar cabe ao governo ucraniano.
Blinken viajou a Kiev devido à deterioração da posição militar ucraniana e anunciou que os EUA estão acelerando o envio de munição e armamentos para seus aliados.
Ele revelou que um novo pacote de ajuda de R$ 10,2 bilhões para a indústria bélica da Ucrânia será liberado em breve, sem especificar se essa quantia faz parte do auxílio de R$ 300 bilhões aprovado pelo Congresso americano em abril.
"Nós estamos apressando o envio de munição, veículos blindados, mísseis e defesas aéreas para as linhas de frente", afirmou Blinken.
Ao seu lado, o chanceler ucraniano, Dmitro Kuleba, ressaltou que "cada atraso de fornecimento resulta em revés no campo de batalha".
Tensões aumentam
Três semanas atrás, o chanceler britânico David Cameron afirmou que Kiev poderia usar seus mísseis de longa distância contra a Rússia.
Em resposta, Putin ameaçou com ataques a alvos militares britânicos e retomou a ameaça de um conflito nuclear com as forças da Otan, após o presidente francês Emmanuel Macron sugerir enviar tropas para ajudar Kiev.
Até então, o presidente democrata Joe Biden proibia expressamente tal uso, temendo uma possível Terceira Guerra Mundial. O tom ambíguo de Blinken parece testar a reação do Kremlin.
Desde o fracasso da contraofensiva ucraniana de 2023, Moscou retomou a iniciativa, obtendo ganhos em Donetsk, uma província do leste anexada por Putin.
Na última sexta-feira, 10, a Rússia lançou uma grande ofensiva no norte da região de Kharkiv, cercando a cidade homônima, a segunda maior da Ucrânia.
Nesta quarta-feira, o Ministério da Defesa russo afirmou ter tomado mais duas cidades na região, consolidando um avanço progressivo em uma guerra que se estabilizou numa linha de combate de mil km após Putin ter recuado da tentativa de tomar Kiev no início do conflito.
Rússia volta a intensificar ataques aéreos
As Forças Armadas ucranianas alegam que a linha na região foi estabilizada, mas a situação permanece incerta.
A conquista de Robotine, na região de Zaporíjia, onde Moscou não tem controle total, foi anunciada pela Rússia. O vilarejo, reconquistado pela Ucrânia em 2023, parece agora estar novamente sob domínio russo, indicando combates intensos na área.
Devido ao agravamento da situação, Zelensky cancelou uma viagem que faria à Espanha e Portugal, O presidente ucraniano ordenou o recuo de suas forças em vários pontos de Kharkiv para facilitar a defesa das linhas que levam à capital regional.
A intenção tática russa com a nova ofensiva ainda é incerta, se visa tomar a capital de Kharkiv ou criar uma zona tampão para afastar os lançadores de mísseis e drones ucranianos contra o sul da Rússia, principalmente Belgorodo.
Problemas logísticos e políticos
Estrategicamente, Putin está conseguindo enfraquecer as capacidades de Kiev, que enfrenta problemas de mão de obra e falta de munição.
A disputa política entre republicanos e democratas nos EUA atrasou a aprovação do pacote de ajuda, e o dinheiro novo para a Ucrânia deixou de ser entregue este ano.
O pacote da União Europeia de R$ 270 bilhões não se materializou em armas, sendo destinado a manter a economia ucraniana. Os R$ 300 bilhões norte-americanos não estarão disponíveis imediatamente, sendo que boa parte deles é para reposição de estoques de munição doada pelos EUA.
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