O advogado disse que Trump ficou irritado quando soube da história de Stormy Daniels
O ex-advogado e ex-braço direito do ex-presidente americano Donald Trump (2017-2021), Michael Cohen, está prestando depoimento nesta segunda-feira (13) durante o julgamento criminal que o político republicano enfrenta em Nova York.
Cohen alegou que Trump estava preocupado com a possibilidade de perder votos caso fossem relatados na imprensa supostos casos extraconjungais do magnata antes da eleição presidencial de 2016, na qual venceria Hillary Clinton, e que foi instruído por ele a "cuidar" do caso Stormy Daniels.
Segundo Cohen, Trump lhe disse: "Prepare-se, porque quando isso [sua candidatura à presidência] for anunciado, haverá muitas mulheres denunciando casos", afirmou o advogado.
Quando perguntado se Trump estava preocupado com essas histórias, ele respondeu que "sim" e afirmou que o republicano achava que seriam "um desastre" para sua campanha.
A promotoria alega que a atriz pornô Stormy Daniels recebeu antes da eleição de 2016 um pagamento de US$ 130 mil, para não falar à imprensa sobre uma relação sexual que supostamente teve com Trump dez anos antes – ele nega o relacionamento.
Foram apresentadas 34 acusações contra Trump porque, segundo a promotoria, este teria sido o número de vezes que registros da Trump Organization foram alterados para esconder o reembolso a Cohen pelo pagamento a Daniels.
Segundo a CNN, Cohen afirmou no julgamento que Trump teria lhe dito: "Quero que vocês adiem isso [a divulgação da história de Daniels] o máximo que puderem para depois da eleição. Porque se eu ganhar, não terá relevância, porque sou presidente. E se eu perder, nem me importo", disse o advogado, que acrescentou: "Ele nem estava pensando em Melania [esposa de Trump]. Tudo tinha a ver com a campanha".
O advogado disse que Trump ficou irritado quando soube da história de Stormy Daniels. "Cuide disso", teria instruído o magnata, segundo o depoimento de Cohen.
"Ele me disse para trabalhar com David e assumir o controle sobre isso", afirmou Cohen, referindo-se a David Pecker, ex-proprietário do tabloide National Enquirer que alegou durante o julgamento que comprou exclusividade sobre histórias de supostos casos sexuais de Trump para que elas não fossem divulgadas e, desta forma, o republicano não fosse prejudicado na campanha de 2016.
Cohen alegou que um editor do National Enquirer o avisou poucas semanas antes da eleição que Daniels estaria tentando vender seu relato sobre o suposto caso com Trump em 2006.
Esse editor, Dylan Howard, teria enviado mensagens a Cohen e ao advogado de Daniels, Keith Davidson, para que entrassem em contato e no dia seguinte teria ocorrido o acordo para pagar US$ 130 mil à atriz pornô.
Ainda segundo a CNN, Cohen pediu um prazo de dez dias para conseguir o dinheiro, mas disse que planejava postergar o prazo mais além, para depois do dia da eleição, 8 de novembro, seguindo instruções de Trump.
No depoimento, o ex-advogado do magnata disse que abriu uma conta bancária no nome de uma empresa de consultoria para fazer o pagamento. "Não tenho certeza se eles [banco] teriam aberto a conta se eu tivesse afirmado que pretendia pagar uma estrela de cinema adulto por um acordo para manter sigilo", disse Cohen.
Ele afirmou que o advogado de Daniels não ficou satisfeito com os adiamentos para o pagamento e prometeu divulgar a história para o jornal britânico Daily Mail ainda antes da eleição.
Depois de Pecker e Allenn Weisselberg, ex-diretor financeiro da Trump Organization, supostamente terem se recusado a fazer o pagamento, Cohen teria pago Daniels com dinheiro de uma linha de crédito após receber a garantia de que seria reembolsado.
Antes de fazer o pagamento, a operação recebeu autorização de Trump duas vezes, alegou o ex-advogado. Depois, houve um acordo para que o reembolso a Cohen fosse pago em 12 meses, que seriam disfarçados como honorários por "serviços jurídicos futuros", relatou.
Agora um dos principais inimigos de Trump, Cohen já havia testemunhado contra seu ex-chefe durante o julgamento civil por fraude realizado em Nova York, no qual o culpou por inflar ficticiamente seu patrimônio para obter melhores condições de crédito. Esse julgamento resultou em uma multa de US$ 364 milhões, da qual o empresário está recorrendo.
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