Argentina pede prisão de ministro do Irã por atentado em Buenos Aires em 1994

O ministro do Interior iraniano, Ahmad Vahidi, em imagem de 2009 | Foto: EFE/Abedin Taherkenareh

A decisão abre caminho para que Estados e parentes das vítimas processem Teerã em cortes internacionais


O Ministério das Relações Exteriores da Argentina informou que o governo de Javier Milei pediu a prisão internacional dos responsáveis ​​pelo atentado à sede da Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), ocorrido em Buenos Aires em 1994, e destacou a reivindicação de que seja preso o ministro do Interior iraniano, Ahmad Vahidi.

Em comunicado divulgado nesta terça-feira (23), a chancelaria argentina informou que Vahidi, procurado pela Justiça argentina, integra uma delegação governamental do Irã que está em viagem esta semana pelo Paquistão e pelo Sri Lanka.

"Neste contexto, a pedido das autoridades argentinas, o Gabinete Central da Interpol com sede em Lyon emitiu uma Circular Vermelha para a sua detenção", informou o Ministério das Relações Exteriores da Argentina.

"Por ocasião da sua viagem, a Argentina solicitou aos governos do Paquistão e do Sri Lanka que o prendessem de acordo com os mecanismos fornecidos pela Interpol", acrescentou a pasta.

"Paralelamente ao trabalho que vem sendo realizado pelo Ministério da Segurança e pela chancelaria argentina com a intervenção das embaixadas do nosso país no Paquistão e na Índia, o Escritório Central Nacional de Buenos Aires da Interpol da Polícia Federal Argentina solicitou ao seu homólogo em Islamabad [capital paquistanesa] que proceda à detenção preventiva do acusado para efeitos de extradição para a Argentina", informou o comunicado.

Neste mês, a Sala II do Tribunal Federal de Cassação Criminal da Argentina atribuiu ao Irã a responsabilidade pelos dois maiores ataques terroristas da história do país sul-americano: o atentado em Buenos Aires que matou 85 pessoas em 1994 na sede da Amia e o ataque à Embaixada de Israel dois anos antes, que havia deixado 29 mortos.

Os magistrados concluíram que os atentados foram praticados pelo grupo terrorista libanês Hezbollah "sob a inspiração, organização, planejamento e financiamento de organizações estatais e paraestatais subordinadas" ao Irã.

A decisão abre caminho para que Estados e parentes das vítimas processem Teerã em cortes internacionais.

Em resposta ao pedido da Argentina para a prisão de Vahidi, o Ministério das Relações Exteriores do Irã "condenou veementemente a reiteração de pedidos ilegais baseados em mentiras (...) por parte de alguns juízes argentinos em relação a cidadãos iranianos pelo caso Amia".

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