A declaração foi mal recebida pelos aliados da OTAN
O presidente da França, Emmanuel Macron, voltou a falar nesta quinta-feira (14) da possibilidade da OTAN enviar tropas contra a Rússia na guerra da Ucrânia, repetindo declarações do mês passado que geraram desconforto entre outros integrantes da aliança militar e que foram respondidas com ameaças por Vladimir Putin.
"Não estamos nessa situação hoje [de enviar tropas, mas] todas essas opções são possíveis", disse Macron nesta quinta-feira, em uma entrevista para as emissoras francesas TF1 e France Television.
"Há dois anos, dissemos que nunca enviaríamos tanques. Nós enviamos. Há dois anos, dissemos que nunca enviaríamos mísseis de médio alcance. Nós enviamos", afirmou.
"Se a Rússia vencer esta guerra, a credibilidade da Europa será reduzida a zero", acrescentou o presidente francês.
"Se a guerra se espalhar pela Europa, a culpa será da Rússia. Mas se decidíssemos ser fracos, se decidíssemos hoje que não iríamos responder, já estaríamos escolhendo a derrota. E eu não quero isso", afirmou. "A nossa segurança está em jogo na Ucrânia."
Em fevereiro, Macron havia afirmado que "não pode ser descartada" a possibilidade da OTAN enviar tropas para ajudar a Ucrânia na guerra contra os russos.
A declaração foi mal recebida pelos aliados da OTAN: a cúpula da aliança militar do Ocidente e outros membros do grupo, como Alemanha, Hungria, Polônia, República Tcheca, Estados Unidos e Reino Unido, refutaram a ideia.
O presidente russo, Vladimir Putin, reagiu fazendo ameaças no seu tradicional discurso anual ao Parlamento russo.
Ele acusou o Ocidente de provocar "conflitos na Ucrânia, no Oriente Médio e em outras regiões do mundo, ao mesmo tempo em que propaga consistentemente falsidades".
"Agora começaram a falar sobre a possibilidade de enviar contingentes militares da OTAN para a Ucrânia", afirmou Putin.
"Mas lembramos o que aconteceu com aqueles que antes enviaram contingentes ao território do nosso país. Hoje, quaisquer potenciais agressores enfrentarão consequências muito mais graves. Eles têm de compreender que também temos armas [nucleares] – sim, eles sabem disso, como acabei de dizer – capazes de atingir alvos nos seus territórios", ameaçou.
A Rússia considera a Crimeia, ocupada em 2014, e quatro províncias ucranianas, anexadas em referendos fraudulentos em 2022, parte do seu território. Ou seja, ofensivas de outros países nessas áreas podem ser consideradas invasões por Moscou.
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