Irã está usando ferramentas de inteligência artificial (IA), incluindo aplicativos de telefonia móvel, para monitorar o cumprimento das regras restritivas do uso do véu islâmico por mulheres
O aparato estatal do regime do Irã está usando ferramentas de inteligência artificial (IA), incluindo aplicativos de telefonia móvel, para monitorar o cumprimento das regras restritivas do uso do véu islâmico por mulheres, revelou nesta segunda-feira (18) a Comissão Internacional Independente de Inquérito das Nações Unidas, que investiga a situação dos direitos humanos no país. "É difícil imaginar que, no século 21, o acesso das mulheres aos serviços e oportunidades mais básicos, como escolas, universidades, hospitais e tribunais, ou a oportunidades de emprego no governo ou em outros setores, esteja sujeito à exigência arbitrária de usar o hijab [véu islâmico]", disse a presidente da Comissão, Sara Hossain. A equipe de investigação, composta por três juristas de diferentes países e trabalhando de forma independente, foi criada após a repressão armada aos grandes protestos de setembro de 2022, na esteira da morte sob custódia da jovem Masha Amini, presa por não usar o véu adequadamente. De acordo com as investigações da Comissão, que afirmou ter coletado e armazenado 27 mil provas, o número mais provável de manifestantes mortos pelas forças de segurança foi 551, cerca de dez a mais do que se pensava anteriormente, incluindo 50 mulheres e 68 crianças. Em declaração ao Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra, Hossain disse que as autoridades iranianas adotaram "ações coordenadas para encobrir a verdade sobre os assassinatos e silenciar a dor das famílias das vítimas". De acordo com testemunhos de dentro e fora do Irã, as famílias foram ameaçadas, assediadas e alguns parentes foram presos por simplesmente chorarem por seus entes queridos, pedirem justiça publicamente ou organizarem uma cerimônia em memória deles, embora nenhum responsável pelas mortes tenha sido preso. Hossain lamentou a relutância do regime islâmico em cooperar com o trabalho da Comissão da ONU, à qual foi negada a permissão de visitar o país para coletar informações em primeira mão. O regime iraniano também não respondeu a nenhuma das 21 cartas enviadas às autoridades solicitando informações detalhadas. Além de ignorar as solicitações da Comissão, Hossain considerou que as autoridades iranianas tentaram obstruir o andamento das investigações, ameaçando qualquer pessoa que desse seu testemunho ou interrompendo as comunicações com as pessoas que desejavam, de dentro do Irã, falar com a Comissão.
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