"Uma eleição geral significaria disputas e emoções à flor da pele. Isso não pode acontecer em um período de guerra e certamente não quando estamos tão perto da vitória"
O Primeiro-Ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse nesta quinta-feira (29) que convocar eleições no país agora seria sinônimo de "perder a guerra contra o Hamas", por isso, pediu um consenso em todo o espectro político parlamentar e no governo de coalizão.
"Se alguém fizer exigências extremas de qualquer tipo, seremos arrastados para as eleições. O que significariam as eleições agora? Significaria parar a guerra na Faixa de Gaza e, portanto, ser derrotado e paralisar o país por seis a oito meses", disse Netanyahu em discurso na televisão.
O premiê israelense respondeu assim às divisões dentro de seu próprio governo sobre a isenção militar para os judeus ultraortodoxos em meio à guerra, com um número cada vez maior de apoiadores do fim do "privilégio", mas com os partidos Haredi, fundamentais para a sobrevivência do governo, não dispostos a ceder.
"Uma divisão que levaria a eleições significaria amarrar o governo, que não teria a capacidade de tomar decisões importantes com relação aos reféns, à ofensiva em Rafah ou ao confronto com o Hezbollah", declarou.
O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant – uma figura de alto escalão do gabinete de guerra e membro do Likud – pediu ontem que todos os setores da sociedade israelense, incluindo os ultraortodoxos, fossem convocados para o serviço militar, o que ele disse ser uma necessidade nacional durante a guerra na Faixa de Gaza.
Por décadas, os israelenses ultraortodoxos mantiveram uma isenção quase geral do serviço militar obrigatório caso se dedicassem a estudos religiosos, com base em uma cláusula executiva que é periodicamente renovada, mais recentemente há algumas semanas.
Grupos civis e de reservistas, apoiados por 170 ex-generais e comandantes das forças de segurança, entraram com um recurso na Suprema Corte – que teve sua primeira audiência nesta semana – para anular o dispositivo que abre essa exceção.
"Uma eleição geral significaria disputas e emoções à flor da pele. Isso não pode acontecer em um período de guerra e certamente não quando estamos tão perto da vitória. Isso significaria nossa derrota e é exatamente com isso que [o líder do Hamas em Gaza] Yahya Sinwar sonha", disse o primeiro-ministro.
Netanyahu insistiu que as tropas israelenses continuariam sua ofensiva terrestre até Rafah para alcançar a "vitória total" e eliminar os batalhões remanescentes do Hamas no local, mas garantiu novamente que os civis seriam retirados primeiro da região, onde vivem cerca de 1,4 milhão de habitantes de Gaza, a maioria deles deslocados.
Sobre as negociações de trégua que estão avançando lentamente em Doha, o primeiro-ministro enfatizou que Israel não cederia às "exigências insanas" do Hamas e explicou que ainda está aguardando uma lista de nomes de reféns a serem libertados durante o cessar-fogo.
"Não vamos capitular diante das exigências delirantes do Hamas. Estamos determinados a trazer de volta todos os reféns, com ou sem um acordo", disse Netanyahu sobre uma possível trégua, embora tenha dito que ainda é muito cedo para saber se ela será levada adiante.
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