Historicamente, as Ilhas Kinmen foram alvo de múltiplas disputas entre a China e Taiwan ao longo das décadas
Cinco navios chineses foram acusados de acessar águas proibidas e restritas das ilhas Kinmen, território disputado por Pequim e Taiwan, segundo denunciou nesta terça-feira (27) o presidente do Conselho de Assuntos Oceânicos da ilha autônoma, Kuan Bi-ling, em meio a um clima de tensão em torno da região.
Kuan explicou que um dos navios entrou em "águas proibidas" e outros quatro navegaram pelas "águas restritas" do Kinmen, um arquipélago localizado a poucos quilômetros da cidade de Xiamen , no sudeste da China e onde mais de 100 mil taiwaneses vivem.
O trecho proibido por onde as embarcações passaram estende-se entre a costa chinesa a norte e nordeste, cerca de quatro quilômetros a leste e outros oito quilômetros a sul do arquipélago, mas a China não reconhece oficialmente a existência dessas fronteiras.
O ministro da Defesa de Taiwan, Chiu Kuo-cheng, declarou nesta terça-feira que a demarcação é de responsabilidade da Guarda Costeira da ilha, descartando qualquer tipo de intervenção militar na zona. "O ministério tem procedimentos de prontidão para combate muito claros, mas não esperamos que tal aconteça", disse Chiu em declarações divulgadas pela agência estatal de notícias CNA.
A tensão em torno do arquipélago cresceu na última semana, quando uma lancha chinesa, sem documentação de registro no porto, invadiu as águas do Kinmen e dois de seus quatro tripulantes morreram após uma perseguição da Guarda Costeira de Taiwan.
Em resposta, Pequim anunciou patrulhas na área para "proteger as vidas e propriedades dos pescadores", acusando as autoridades taiwanesas de tratarem estes pescadores chineses de uma forma "cruel e perigosa", embora Taipé insistisse que a sua guarda costeira procedesse "de acordo com à lei".
Historicamente, as Ilhas Kinmen foram alvo de múltiplas disputas entre a China e Taiwan ao longo das décadas. Um episódio marcante envolvendo o conflito ocorreu em 1958, com um bombardeamento massivo na localidade, quando o Exército Chinês abriu fogo contra o arquipélago no contexto da segunda crise do Estreito de Taiwan.
Os ataques de Pequim contra a ilha aumentaram principalmente após as eleições presidenciais que elegeram Lai Ching-te, do Partido Democrático Progressista (DPP), como novo líder de Taiwan, refletindo a vontade popular por um líder com forte oposição à influência chinesa.
Lai Ching-te, de 64 anos, é conhecido como defensor ferrenho da identidade taiwanesa e por sua postura ácida em relação à China, sendo rotulado pelo governo chinês como "encrenqueiro", "divisionista" e "linha-dura", em contraste com suas políticas que buscam uma maior aproximação com os Estados Unidos.
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