Os atos de violência contra igrejas e propriedades particulares dos fiéis têm se tornado mais comuns no país
Os ataques a igrejas e outras propriedades cristãs aumentaram drasticamente no último ano, segundo levantamento da ONG Missão Portas Abertas, que monitora de perto casos de perseguição religiosa há décadas.
Em 2023, os episódios registrados de vandalismo contra locais relacionados à fé subiram quase 600% em comparação com o ano anterior, passando de 2.110 para 14.766 ações de intolerância religiosa. Entre os imóveis classificados estão templos e prédios administrados por igrejas, como escolas, seminários e hospitais.
Na América Latina, um país que ganhou destaque nesse quesito foi o México. De acordo com a ONG, os cristãos enfrentam uma pressão crescente na vida privada e nas expressões individuais de fé, por exemplo ao expor suas crenças na internet ou possuir uma bíblia em comunidades indígenas.
Os atos de violência contra igrejas e propriedades particulares dos fiéis têm se tornado mais comuns no país, que está elencado na 37ª posição no ranking de perseguição mundial.
Diferente de outros países, onde os governos são os principais atores de repressão à religião, grande parte das ações no México são lideradas pelo crime organizado, que controla determinadas regiões do país. Cartéis de drogas e grupos indígenas continuam sendo os agentes de perseguição mais presentes no país, que ainda possui uma maioria da população cristã.
Cristãos que falam corajosamente contra as atividades deles, ou que estão envolvidos em trabalho comunitário ou evangelismo – principalmente com jovens, viciados em drogas e migrantes – são considerados uma ameaça, o que os torna um alvo. As autoridades são incapazes de conter a crescente influência desses grupos criminosos, tornando os cristãos ainda mais expostos aos ataques.
Em algumas comunidades indígenas, as pessoas que decidem abandonar as crenças tradicionais ou ancestrais para seguir o cristianismo enfrentam ostracismo, multa, prisão e deslocamento forçado. Como os líderes indígenas são os "juízes" em tais áreas, os convertidos à fé cristã não têm proteção sobre a liberdade religiosa.
Mulheres que se convertem ao cristianismo em algumas comunidades indígenas enfrentam altos níveis de pressão, inclusive com casamentos forçados com homens não cristãos para pressioná-las a renunciar à fé.
O crime organizado também representa uma ameaça a meninas e mulheres no México. O país tem uma das taxas mais altas de tráfico humano no mundo, e mulheres são um alvo fácil para sequestros e escravidão sexual orquestrados por grupos armados ilegais.
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