A abolição destas leis ocorre um mês depois de a Coreia do Norte ter desmantelado vários organismos encarregados de assuntos transfronteiriços
A Coreia do Norte aboliu uma série de leis de cooperação econômica com a Coreia do Sul, segundo confirmou nesta quinta-feira (8) a imprensa estatal norte-coreana, em outro gesto que aprofunda a deterioração dos laços entre os territórios vizinhos.
A decisão, que afeta a lei sobre a cooperação econômica Norte-Sul e a lei sobre a zona especial para o turismo estrangeiro no Monte Kumgang, foi adotada por unanimidade em uma reunião plenária da comissão permanente da Assembleia Popular Suprema (Parlamento), informou a agência de notícias estatal KCNA.
O primeiro dos regulamentos é considerado uma "lei-quadro" para a cooperação econômica transfronteiriça, enquanto o segundo afeta o complexo turístico do Monte Kumgang, onde a empresa sul-coreana Hyundai Asan realizou importantes investimentos imobiliários.
O complexo do Monte Kumgang, localizado no sudeste da Coreia do Norte, funcionou durante alguns anos como um local visitado por turistas do Sul, até que uma mulher sul-coreana foi morta a tiros por dois soldados norte-coreanos em 2008. Desde então, o local não recebeu mais grupos de turistas do Sul e desde 2019 o regime norte-coreano determinou a expropriação de vários bens da Hyundai Asan.
A abolição destas leis ocorre um mês depois de a Coreia do Norte ter desmantelado vários organismos encarregados de assuntos transfronteiriços (incluindo um encarregado de gerir o programa de turismo em Kumgang) e do ditador Kim Jong-un ter garantido que o Sul é o principal inimigo do seu país e que a reconciliação e a reunificação são agora impossíveis.
Desde então, Pyongyang realizou exercícios de artilharia perto de ilhas sul-coreanas na tensa e disputada fronteira marítima inter-coreana ocidental e conduziu seis testes de armas de destruição em massa, incluindo quatro testes de mísseis de cruzeiro.
Nesta quinta (8), dia no qual se comemora o 76º aniversário do Exército norte-coreano, os meios de comunicação estatais estimularam o fortalecimento da preparação militar para enfrentar um possível ataque externo.
Um editorial publicado pelo jornal Rodong afirmou, por exemplo, que o Exército está determinado a "devastar completamente" as forças hostis caso decidam atacar o país.
Após o fracasso das negociações de desnuclearização com os Estados Unidos em 2019, a Coreia do Norte optou por modernizar suas armas, rejeitar ofertas de diálogo e aproximar-se de China e Rússia, com quem tem trocado armas, enquanto Seul e Washington reforçaram seus mecanismos de dissuasão e cooperação militar, o que levou a península a novos níveis históricos de tensão.
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