Gay fazia leves paráfrases das palavras de outros autores, com frequência sem o devido crédito
Após pouco mais de seis meses de mandato, Claudine Gay, a reitora da Universidade Harvard, prestigiosa instituição privada de ensino superior dos Estados Unidos, renunciou nesta terça-feira (2).
Em carta aberta, ela disse que tomou a decisão "com um peso no coração, mas um profundo amor por Harvard", explicando que "ficou claro que é melhor para Harvard que eu renuncie para que nossa comunidade possa navegar por esse momento de desafio extraordinário, com foco na instituição em vez de em qualquer indivíduo".
Ela enfrentava acusações de plágio e o descontentamento de doadores, congressistas e parte dos corpos docente e discente pela forma como lidou com protestos anti-Israel no campus desde o ataque terrorista do Hamas em 7 de outubro.
Há um mês (9 de dezembro), Gay respondeu a perguntas de parlamentares em audiência na Câmara americana a respeito dos protestos. "Ouvi essa linguagem impensável, irresponsável e odiosa no nosso campus, sim", respondeu a reitora quando interpelada pela deputada Elise Stefanik, republicana de Nova York.
"Dra. Gay, em Harvard, chamar pelo genocídio dos judeus viola as regras contra bullying e assédio, sim ou não?", perguntou Stefanik. "Pode violar, dependendo do contexto”, respondeu Gay. "Qual é o contexto?", pressionou a deputada. "Quando o alvo é um indivíduo", explicou a reitora. "Não depende do contexto, a resposta é sim e é por isso que você deve renunciar, essas respostas são todas inaceitáveis", disparou Stefanik.
O deputado negro Burgess Owens, republicano de Utah, acusou Harvard e as outras duas universidades representadas por suas respectivas reitoras (MIT e Universidade da Pensilvânia) de ressuscitar a segregação racial sob a qual ele cresceu nos anos 1960.
"Harvard agora tem cerimônias de colação de grau apenas para negros, apenas para hispânicos e apenas para gays. Como isso nos une, em vez de nos separar com base em cor, crença e outras coisas?", perguntou Owens. "Eu me oponho à segregação", respondeu Gay. "Eu também me oponho, mas está acontecendo no seu campus", rebateu o deputado.
Quatro dias depois de sua participação na audiência, Claudine Gay pediu desculpas em entrevista ao jornal de estudantes The Harvard Crimson. "Sinto muito. Palavras importam."
Denúncias de plágio
Após a participação da reitora, uma série de denúncias de plágio em sua obra emergiram na imprensa, em veículos como The Washington Free Beacon.
Gay fazia leves paráfrases das palavras de outros autores, com frequência sem o devido crédito. Um dos temas com os empréstimos era a história do movimento negro no Brasil. Alunos que apresentam conduta similar são sumariamente expulsos de Harvard.
Gay alegou em sua carta que foi submetida a "ataques pessoais e ameaças estimuladas por animosidade racial". Ela foi a primeira reitora negra em quase 400 anos de história da instituição.
O conselho diretor de Harvard tentou blindar a reitora concluindo que as evidências de plágio eram insuficientes, mas novas denúncias continuaram a ser apresentadas, com seis novas na segunda-feira (1º) publicadas pelo Free Beacon. Ao menos sete de 17 das obras intelectuais de Claudine Gay apresentam o problema.
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