A AIEA afirma que o Irã adicionou 6,7 quilos ao seu estoque de urânio enriquecido a 60%, 5% a mais do que o estimado no informe de setembro
Um relatório produzido pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) mostra que o Irã acumulou mais urânio enriquecido a 60% de pureza. O informe aponta que o país persa possuía, no dia 28 de outubro, 4.486,8 kg do elemento estocado, contra 3.795,5 kg contabilizado em agosto.
Isso equivale a 22 vezes mais do que o limite estabelecido pelo acordo nuclear de 2015, de 202,8 kg.
Esse dado tem sido motivo de críticas por parte da AIEA, visto que o regime iraniano dificulta as inspeções nos centros de testes e produção.
O relatório alerta que os obstáculos para garantir a conformidade do Irã com o acordo de 2015, no qual o país concordou em reduzir seus esforços nucleares, aumentaram com a decisão de remover os equipamentos de monitoramento e vigilância restantes.
"Uma decisão que teve implicações prejudiciais para a capacidade da agência de garantir a natureza pacífica do programa nuclear do Irã", diz o documento.
A AIEA afirma que o Irã adicionou 6,7 quilos ao seu estoque de urânio enriquecido a 60%, 5% a mais do que o estimado no informe de setembro.
Fontes diplomáticas familiarizadas com o trabalho da AIEA disseram que os quase 130 quilos de urânio enriquecido a 60% são uma quantidade significativa, "especialmente se não forem usados para nada".
Em novembro do ano passado, o Irã tinha 62 quilos de urânio a 60%, menos da metade do que tem atualmente.
O acordo de 2015, do qual os EUA se retiraram unilateralmente em 2018 e que o Irã começou a violar um ano depois, estabeleceu um limite de 300 quilos de urânio enriquecido a um máximo de 3,67%.
O documento da AIEA observa que a retirada do equipamento de monitoramento remoto em junho do ano passado "exacerbou" sua dificuldade de monitoramento.
A agência lembra que não consegue há 32 meses verificar as atividades do Irã na produção de equipamentos de enriquecimento de urânio.
Mesmo que o país voltasse a cumprir suas obrigações estipuladas pelo acordo de 2015, conhecido como JCPOA, a AIEA não conseguiria restabelecer seu histórico de informações e conhecimento, e teria que criar um novo ponto de partida.
A AIEA também critica o fato de o Irã ter continuado a dificultar as vistorias ao aplicar um veto, permitido pelo Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), a vários inspetores, principalmente de países europeus.
Apesar dos apelos do diretor-geral da AIEA, o argentino Rafael Grossi, para que o Irã mude de ideia, fontes diplomáticas consultadas pela EFE disseram que não há indicações claras de que o país vá reconsiderar a questão.
Outro obstáculo é a falta de progresso na implementação de um acordo de cooperação firmado em março que, entre outros aspectos, permitiria a instalação de câmeras de vigilância.
Um segundo relatório, esse do TNP, lembra que o Irã ainda não esclareceu a origem dos vestígios de urânio artificial em duas instalações que o país nunca declarou como parte de seu programa atômico.
Grossi insiste que essas questões pendentes devem ser resolvidas para que a agência possa classificar o programa nuclear do Irã como exclusivamente pacífico.
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