A PF anunciou a prisão de dois terroristas financiados pelo Hezbollah e que planejavam fazer ataques contra a comunidade judaica no Brasil A Polícia Federal (PF) anunciou que prendeu em São Paulo nesta quarta-feira (8/11) duas pessoas com ligações com o grupo terrorista libanês Hezbollah. Os nomes dos detidos não foram informados. Assim como o grupo terrorista palestino Hamas, o grupo libanês prega a destruição do Estado de Israel. Por meio de nota, a PF informou que a operação, batizada de Trapiche, tem o "objetivo de interromper atos preparatórios de terrorismo e obter provas de possível recrutamento de brasileiros para a prática de atos extremistas no país".
A operação contou com o apoio de órgãos policiais e de inteligência dos Estados Unidos e de Israel.
Em nota atribuída ao Mossad, serviço secreto israelense, e enviada à imprensa na tarde desta quarta pelo gabinete do Primeiro-Ministro, Benjamin Netanyahu, os israelenses confirmam sua participação na investigação que culminou na operação da Polícia Federal.
De acordo com a nota, a ação "frustrou um ataque terrorista no Brasil, planejado pela organização terrorista Hezbollah, dirigida e financiada pelo regime iraniano".
No texto, o Mossad "agradece" a Polícia Federal e, sem nomear, cita que outros agentes de segurança internacional também se envolveram na investigação que levaram às prisões.
Os agentes americanos do Federal Bureau of Investigation (FBI), também tomaram parte na investigação. A nota do Mossad diz ainda que no Brasil, a "célula terrorista" teria como alvos instituições judaicas e israelenses.
A Embaixada dos EUA em Brasília afirmou em nota via assessoria que "elogiamos as autoridades brasileiras por sua ação rápida e eficaz para proteger o público". Sobre a atuação de agentes do país nas investigações, o órgão afirmou que "como política do governo norte-americano, não comentamos sobre investigações brasileiras em andamento".
Uma fonte diplomática brasileira disse à BBC News Brasil que o Itamaraty não foi informado de antemão sobre a operação da PF e a cooperação com forças policiais internacionais porque por ora "se trata de uma operação policial, não diplomática". Seria ainda cedo para avaliar eventuais impactos para as relações internacionais brasileiras.
Ainda de acordo com duas fontes policiais, a investigação apontou que os terroristas são financiados pelo Hezbollah e que planejavam fazer ataques contra a comunidade judaica no Brasil. Um deles foi preso no aeroporto de Guarulhos, quando chegava do Líbano.
O plano de ataque a alvos judaicos no Brasil vinha sendo trabalhado há algum tempo, mas as tratativas para que ele fosse executado se intensificaram após o início do conflito entre o Hamas e Israel, no início de outubro, informaram fontes familiarizadas com o assunto.
Os terroristas já teriam selecionado seus alvos, incluindo sinagogas e prédios ligados à comunidade judaica no Brasil. Um deles seria a Embaixada de Israel, em Brasília.
Além dos dois terroristas presos no Brasil, a Justiça Federal expediu mandados de prisão para outros dois que estão no Líbano.
Os dois são brasileiros descendentes de libaneses. Seus nomes, segundo investigadores, estão na lista de procurados da Interpol. Ainda de acordo com pessoas familiarizadas com a investigação, um dos alvos presos já respondia por crimes de lavagem de dinheiro e contrabando. A PF pretende analisar os dados financeiros do grupo para checar como ele era financiado. Além das duas prisões, foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão expedidos pela Subseção Judiciária de Belo Horizonte, nos Estados de Minas Gerais, São Paulo e no Distrito Federal. Os detidos em São Paulo devem responder pelos crimes de constituir ou integrar uma organização terrorista e de realizar atos preparatórios de terrorismo. De acordo com a PF, se somadas, as penas máximas desses crimes chegam a 15 anos e 6 meses de prisão. Os crimes previstos na Lei de Terrorismo são inafiançáveis, e a pena deve ser cumprida inicialmente em regime fechado.
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