Príncipe herdeiro da Arábia Saudita responsabilizou Israel pelos ataques a Gaza
Líderes árabes e muçulmanos se reuniram hoje (11) em uma cúpula de emergência sobre a guerra em Israel. Todos condenaram as ações de Israel em sua guerra contra o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza, mas não citaram a morte de civis israelenses pelos terroristas. Logo na abertura, o príncipe herdeiro da Árabia Saudita responsabilizou Israel pelos ataques a Gaza.
Mas o resultado da cúpula também destacou as divisões regionais sobre como responder à guerra, mesmo com o aumento dos temores de que o conflito possa atrair outros países, segundo informações do jornal The Times of Israel.
A declaração final neste sábado rejeitou as afirmações israelenses de que está agindo em legítima defesa e exigiu que o Conselho de Segurança das Nações Unidas adotasse "uma resolução decisiva e vinculante" para interromper a "agressão" de Israel. Também exigiu o fim da venda de armas para Israel e descartou qualquer solução política futura para o conflito que mantivesse Gaza separada da Cisjordânia.
Ao mesmo tempo, várias nações rejeitaram a tentativa de responder à guerra ameaçando interromper o fornecimento de petróleo a Israel e seus aliados, bem como cortar os laços econômicos e diplomáticos que algumas nações da Liga Árabe têm com Israel.
De acordo com o Canal 12 de Israel, a minuta de resolução mais rígida teria pedido para impedir a transferência de equipamentos dos EUA para Israel a partir de bases em países árabes; pediu o congelamento de todas as relações diplomáticas e econômicas com Israel; ameaçou usar o petróleo como alavanca para pressionar Israel, à semelhança do embargo de petróleo de 1972; impediu voos de e para Israel usando o espaço aéreo dos países árabes; e formou uma missão conjunta para pressionar as nações ocidentais por um cessar-fogo.
Os países que votaram contra essas cláusulas foram o Egito, a Jordânia, a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos, o Bahrein, o Sudão, o Marrocos, a Mauritânia e o Djibuti.
O príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman, o governante de fato do reino do Golfo, disse que o reino "responsabiliza as autoridades de ocupação (israelenses) pelos crimes cometidos contra o povo palestino".
"Estamos certos de que a única maneira de garantir a segurança, a paz e a estabilidade na região é acabar com a ocupação, o cerco e os assentamentos", disse ele sobre as ações de Israel em Gaza e na Cisjordânia.
O presidente Iraniano Ebrahim Raisi, em sua primeira visita à Arábia Saudita desde a reconciliação entre os dois países em março, afirmou que os países islâmicos deveriam classificar o Exército israelense como uma "organização terrorista" por sua conduta em Gaza.
Raisi disse na cúpula que a única solução para o conflito é um Estado palestino do "rio ao mar" – o que significa a eliminação do Estado de Israel.
"Queremos tomar uma decisão histórica e decisiva em relação ao que está acontecendo nos territórios palestinos. Matar civis e bombardear hospitais são manifestações dos crimes israelenses em Gaza. Hoje, todos devem decidir de que lado estão", afirmou, apelando para armar palestinos.
Ele também instou sanções e um boicote enérgico contra Israel, pediu que acusações fossem apresentadas contra Israel e os EUA no Tribunal de Haia, e solicitou inspetores internacionais nas instalações nucleares de Israel.
A reunião de emergência da Liga Árabe e da Organização para a Cooperação Islâmica (OCI) ocorre mais de um mês após o início da guerra em Gaza, desencadeada pelo violento ataque do Hamas em 7 de outubro a comunidades do sul, no qual terroristas palestinos massacraram cerca de 1.200 pessoas, em sua maioria civis, e fizeram mais de 240 reféns.
A ofensiva subsequente de Israel, direcionada à infraestrutura do Hamas por meio de ataques aéreos e terrestres, resultou na morte de mais de 11.000 pessoas, de acordo com o Ministério da Saúde em Gaza, controlado pelo Hamas. Essa cifra não pode ser verificada de forma independente e acredita-se que inclua membros de grupos terroristas e civis mortos por foguetes palestinos mal direcionados.
Israel diz que pretende destruir o Hamas e acusa o grupo terrorista de usar civis como escudos humanos.
Divisões regionais
Israel diz que pretende destruir o Hamas e acusa o grupo terrorista de usar civis como escudos humanos.
Divisões regionais
A Liga Árabe e a OCI, um bloco de 57 membros que inclui o Irã, inicialmente deveriam se reunir separadamente.
Diplomatas árabes informaram à AFP que a decisão de unir as reuniões ocorreu após as delegações da Liga Árabe não conseguirem chegar a um acordo sobre um comunicado final.
Alguns países, incluindo Argélia e Líbano, propuseram responder à devastação em Gaza ameaçando interromper o fornecimento de petróleo a Israel e seus aliados, além de romper os laços econômicos e diplomáticos que algumas nações da Liga Árabe mantêm com Israel, conforme relataram os diplomatas.
No entanto, pelo menos três países, incluindo os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein, que normalizaram as relações com Israel em 2020, rejeitaram a proposta, segundo os diplomatas que falaram sob condição de anonimato.
Antes da reunião, o grupo terrorista palestino Jihad Islâmica afirmou não "esperar nada" dela, criticando os líderes árabes pela demora.
"Não depositamos nossas esperanças em tais reuniões, pois vimos seus resultados ao longo de muitos anos", afirmou Mohammad al-Hindi, vice-secretário-geral do grupo terrorista, em uma coletiva de imprensa em Beirute.
"O fato de esta conferência ser realizada após 35 dias (de guerra) é indicativo de seus resultados."
Israel e seu principal apoiador, os Estados Unidos, até agora têm rejeitado as demandas por um cessar-fogo, argumentando que isso representaria uma vitória para o Hamas. Essa posição recebeu críticas intensas neste sábado.
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