'Devemos agir agora para acabar com o pesadelo', diz o secretário-geral da ONU, António Guterres
Líderes árabes e ocidentais, reunidos em uma Cúpula da Paz no Cairo, pediram neste sábado (21) um cessar-fogo entre Israel e Hamas, assim como uma entrega de ajuda em larga escala para a Faixa de Gaza e uma solução definitiva para o conflito israelo-palestino — que já dura 75 anos.
"Devemos agir agora para acabar com o pesadelo", afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres.
Mais de 1.400 pessoas morreram no ataque sem precedentes do Hamas contra Israel executado em 7 de outubro, segundo as autoridades israelenses. E mais de 200 pessoas continuam sequestradas pelo grupo terrorista palestino.
Quase 4.400 palestinos morreram na Faixa de Gaza nos bombardeios diários que foram a resposta de Israel, segundo o Ministério da Saúde palestino controlado pelo Hamas.
A Faixa de Gaza, que está sob cerco total, precisa de "uma entrega massiva de ajuda", acrescentou Guterres, depois que 20 caminhões com assistência entraram no território palestino pelo Egito neste sábado.
A ONU calcula que são necessários ao menos cem caminhões diários para ajudar os 2,4 milhões de moradores de Gaza, que enfrentam falta de água, energia elétrica e combustíveis.
Guterres discursou para líderes políticos do Egito, da Jordânia e da Autoridade Palestina, além dos ministros das Relações Exteriores de países árabes e europeus, dirigentes da Liga Árabe, da União Africana e da União Europeia.
Rússia, China, Japão, Canadá e Estados Unidos também enviaram representantes.
O rei Abdullah II, da Jordânia, pediu um cessar-fogo imediato, enquanto o presidente egípcio Abdel Fattah al-Sisi afirmou que a "única solução para a questão palestina é a Justiça", insistindo no direito dos palestinos a estabelecer seu Estado.
"Não podemos permitir que esse conflito vire uma crise regional", declarou o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez.
O líder da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, reiterou a necessidade de "acabar com a ocupação israelense dos territórios palestinos e de encontrar uma solução de dois Estados".
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que não viajou para a cúpula, também afirmou durante sua curta visita a Tel Aviv, na quarta-feira, que a guerra entre Israel e o Hamas reforça sua determinação por uma solução de dois Estados.
"Não vamos embora das terras palestinas", repetiu três vezes Abbas, que, ao lado do Egito e da Jordânia, expressa oposição há vários dias à ordem israelense para que os habitantes do norte da Faixa de Gaza abandonem a área e prossigam para o sul, na fronteira com o Egito.
Os líderes políticos da região consideram que esse é um primeiro passo para um deslocamento forçado de palestinos em direção ao Sinai egípcio. Abbas afirmou que isso seria o equivalente a "uma segunda Nakba" (catástrofe, em árabe), em referência à expulsão de quase 760 mil palestinos após a criação do Estado de Israel, em 1948.
Abdullah II criticou o silêncio global, que considera uma mensagem perigosa. "A mensagem que o mundo árabe está escutando é alta e clara: as vidas palestinas importam menos do que as israelenses", declarou.
"A aplicação do direito internacional é opcional. E os direitos humanos têm limites, param nas fronteiras, nas raças, nas religiões", acrescentou.
O Egito, que organizou a cúpula, quer desempenhar um papel diplomático importante no conflito.
O país foi a primeira nação árabe a assinar um acordo de paz com Israel, em 1979, e desde então o Cairo atua como mediador habitual entre o país e os palestinos, incluindo o grupo Hamas. Além disso, o Egito tem o único ponto de entrada para a Faixa de Gaza que não é controlado por Israel: Rafah.
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