Rei da Jordânia alertou a Arábia Saudita para não ser excessivamente complacente em relação às condições dos palestinos para um acordo
No contexto das negociações em curso para um possível acordo de normalização entre Israel e a Arábia Saudita, um ator regional se manifestou para deixar sua posição clara: a Jordânia. No mês passado, durante um evento em Nova York, o Rei Abdullah II transmitiu uma posição firme, enfatizando a importância de reconhecer o papel da Jordânia na questão palestina.
As discussões sobre um possível acordo EUA-Arábia Saudita, que poderia incluir uma normalização com Israel, levantaram preocupações de que elementos cruciais da questão palestina estejam sendo negligenciados.
O Rei Abdullah II, tradicionalmente considerado um defensor dos palestinos, expressou profunda apreensão com esse desenvolvimento.
"Acredito que parte do desafio reside no governo israelense e na crença, compartilhada por alguns na região, de que é possível simplesmente ignorar a questão palestina, negociar com os árabes e, em seguida, recuar – essa abordagem não funciona. Mesmo os países que têm os Acordos de Abraão com Israel enfrentam dificuldades para tomar posições públicas sobre essas questões quando israelenses e palestinos estão perdendo vidas. Portanto, a menos que resolvamos esse problema, nunca alcançaremos uma paz verdadeira.", declarou o Rei Abdullah II.
Em uma conferência do Oriente Médio realizada à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova York no mês passado, o Rei jordaniano alertou a Arábia Saudita para não ser excessivamente complacente em relação às condições dos palestinos para um acordo. O líder da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, ecoou sentimentos semelhantes na ONU, enfatizando a importância de o povo palestino desfrutar de seus plenos direitos legítimos e nacionais para alcançar uma paz duradoura no Oriente Médio.
O Rei Abdullah II tem sido direto em suas críticas a Israel, especialmente ao Primeiro-Ministro Netanyahu, com quem as relações têm sido escassas. No entanto, sua maior preocupação está centrada em uma questão de maior magnitude: o futuro status dos locais sagrados muçulmanos.
O Príncipe Herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman (MBS), manifestou interesse em ampliar sua custódia para incluir todos os locais sagrados muçulmanos, não apenas os localizados dentro do reino, mas também a mesquita Al-Aqsa no Monte do Templo em Jerusalém. Essa ambição suscitou preocupações na Jordânia, uma vez que poderia reduzir o papel histórico do reino Hashemita e consolidar a posição de Riad como líder do mundo muçulmano.
"Há algo que a Arábia Saudita quer, algo que os israelenses querem e algo que os americanos querem. O que devemos acrescentar a essa equação é o que os palestinos ganham com isso e, na verdade, o que a região ganha com isso, porque estamos todos envolvidos nisso juntos", explicou o Rei Abdullah II.
Com a memória ainda fresca de ter sido excluído dos Acordos de Abraão de 2020, o Rei Abdullah II está decidido a reafirmar a autoridade e o status da Jordânia, especialmente em relação à questão palestina, como uma maneira de se manter relevante em meio a um cenário regional em constante transformação.
Publicado originalmente em i24NEWS
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