Jornal saudita alega que recusa do governo de Netanyahu em fazer concessões aos palestinos é o motivo central por trás da decisão, enquanto autoridades israelenses informam ao Canal 12 que isso não é verdade
Um jornal saudita informou neste domingo (17) que o país comunicou ao governo Biden que está congelando os esforços de normalização das relações com Israel, mediados pelos Estados Unidos, porque o governo do Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu, considerado linha-dura, está relutante em fazer concessões aos palestinos.
Autoridades israelenses negaram o relatório, afirmando ao Canal 12 que é fake e que as conversas continuam.
Conforme relatado pelo jornal Elaph, que citou fontes do gabinete de Netanyahu, os Estados Unidos comunicaram a posição saudita a Israel. O relatório alega que Israel se encontra em estado de "confusão", uma vez que acreditava que os sauditas estavam dispostos a prosseguir com a normalização das relações sem condicionar isso ao progresso na questão palestina.
O artigo do correspondente em Israel para o jornal sediado em Londres enfatizou a posição firme dos ministros de extrema direita, Bezalel Smotrich e Itamar Ben Gvir, que se opõem a qualquer concessão por parte de Israel aos palestinos. O artigo argumentou que, sem avanços nas negociações com Ramallah, qualquer progresso nas relações com Riad se torna improvável.
No mês passado, Netanyahu indicou sua disposição para fazer gestos em direção aos palestinos, caso a normalização das relações com a Arábia Saudita dependesse disso. Ele também deu a entender que não toleraria que membros de sua coalizão política bloqueassem um possível acordo nesse sentido.
"Eu acho que isso é viável, e acredito que desafios políticos serão capazes de impedi-lo? Eu duvido", declarou Netanyahu à Bloomberg. "Se houver uma determinação política, encontraremos um caminho político para alcançar a normalização e uma paz formal entre Israel e a Arábia Saudita."
Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu proferindo um importante discurso no Gabinete do Primeiro-Ministro em 13 de setembro de 2023 | Haim Zach/GPO |
"Acredito que há espaço suficiente para discutir possibilidades", acrescentou.
As palavras de Netanyahu ecoaram as declarações feitas pelo Ministro das Relações Exteriores, Eli Cohen, no dia anterior, durante uma entrevista ao Elaph. Este veículo de comunicação é frequentemente utilizado como um canal de divulgação de mensagens públicas entre Jerusalém e Riad.
"A questão palestina não será um obstáculo para a paz", afirmou Cohen. "Nós também provamos isso nos Acordos de Abraão. Todos temos interesse em melhorar a vida nas áreas da Autoridade Palestina."
No entanto, os parceiros de coalizão de extrema direita de Netanyahu excluíram qualquer compromisso com os palestinos.
"Não faremos concessões aos palestinos. Isso é uma ficção", afirmou Smotrich, líder do partido de extrema-direita Sionismo Religioso, em uma entrevista à Rádio do Exército no mês passado.
Smotrich afirmou que, embora Israel tenha interesse no acordo mediado pelos EUA com Riad, "isso não tem nada a ver com Judeia e Samaria", referindo-se à Cisjordânia por seus nomes bíblicos.
Nas últimas semanas, os sauditas intensificaram seu envolvimento com os palestinos.
A Arábia Saudita será co-anfitriã de um evento à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas nesta semana, com o objetivo de revitalizar o processo de paz entre Israel e os palestinos, conforme relatado por três diplomatas da ONU ao Times of Israel na quinta-feira (14).
O evento, intitulado "Esforço pelo Dia da Paz para a Paz no Oriente Médio", acontecerá na segunda-feira (18) e está sendo organizado pela Arábia Saudita em conjunto com a Liga Árabe e a União Europeia, em cooperação com Egito e Jordânia, disse um dos diplomatas. O Secretário-Geral da ONU, Antonio Guterres, será o palestrante principal.
Nem as missões israelenses nem palestinas foram convidadas para o evento, afirmou o diplomata da ONU, explicando que o foco é reunir importantes intervenientes globais na questão, com o objetivo de "revigorar" o processo de paz.
O atual governo israelense, liderado por Netanyahu, se recusou a considerar a possibilidade de negociações de paz com a Autoridade Palestina, optando em vez disso por expandir significativamente a presença de Israel na Cisjordânia. A Autoridade Palestina apoia uma solução de dois Estados, mas sua liderança enfrenta acusações de corrupção, e o presidente Mahmoud Abbas foi duramente criticado na semana passada por um discurso que empregou uma série de estereótipos antissemitas.
Tanto Netanyahu quanto Abbas estarão na ONU esta semana.
Há duas semanas, Riad recebeu uma delegação da Autoridade Palestina para discutir como alavancar um acordo de normalização para promover a causa palestina.
Os líderes sauditas asseguraram à delegação visitante que Riad "não abandonará" a causa palestina, mesmo enquanto estão em discussões sobre a normalização das relações com Israel, de acordo com informações compartilhadas com o Times of Israel por um funcionário dos EUA e um funcionário árabe na semana passada.
*Com informações do The Times of Israel
A mensagem foi transmitida em várias reuniões entre a delegação da Autoridade Palestina e altos funcionários sauditas, incluindo o ministro das Relações Exteriores Faisal bin Farhan, conforme informaram o funcionário dos EUA e o funcionário árabe.
No mês passado, o embaixador da Arábia Saudita na Jordânia começou a atuar como o primeiro embaixador não residente de Riad junto aos palestinos, bem como o primeiro cônsul-geral não residente em Jerusalém.
O funcionário árabe explicou que Riad deixou claro para Ramallah sua disposição em se afastar de sua postura pública de longa data, que era contrária à normalização das relações com Israel, mesmo na ausência de uma solução efetiva de dois Estados para o conflito israelo-palestino. Além disso, informou que a Autoridade Palestina aceitou essa mudança e está solicitando medidas que não envolvem uma independência imediata.
*Com informações do The Times of Israel
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