O Irã continua sendo o coração do islamismo xiita e a Arábia Saudita, a guardiã do islamismo sunita. Nem mesmo a China pode fazer com que as duas facções em guerra confiem uma na outra
O analista sênior israelense de assuntos do Oriente Médio, Ehud Ya'ari, instou neste domingo (13) a uma reação mais moderada e informada às notícias sobre a retomada das relações diplomáticas entre o Irã e a Arábia Saudita.
"Alguma proporção, meus amigos!" Ya'ari abriu seu artigo no portal de notícias N12. "As reações à renovação dos laços diplomáticos entre os dois maiores rivais no Golfo Pérsico têm sido até agora exageradas e alarmistas."
Ele então procurou inserir alguns fatos na discussão.
1. O Irã continua sendo a base do Islamismo xiita, enquanto a Arábia Saudita ainda é o epicentro do Islamismo sunita. As duas vertentes do Islã não chegaram de repente a algum acordo. E a religião continua desempenhando um papel predominante na política de cada país do Oriente Médio. Portanto, não espere que esses dois guardiões das facções combatentes do Islã confiem repentinamente um no outro.
2. Isso não é um desenvolvimento sem precedentes. O Irã e a Arábia Saudita mantiveram embaixadas nas capitais um do outro até 2016, quando Riad executou um estudioso xiita local por incitação. Antes disso, os dois países tinham relações diplomáticas, mas isso não significava que confiassem um no outro.
3. A grande inimizade entre o Irã e a Arábia Saudita permanece, e os dois não vão se tornar de repente parceiros para cumprir a agenda de um lado ou de outro.
Ya’ari observou que o acordo intermediado pela China faz referência a um acordo de 2001 não implementado que previa coordenação de segurança entre Irã e Arábia Saudita, mas o israelense disse que "apenas uma pessoa ingênua acreditaria que isso acontecerá agora".
Ele também não se preocupa que a renovação das relações diplomáticas por conveniência entre o Irã e a Arábia Saudita impeça esta última de normalizar relações com Israel. Ya’ari apontou que tanto os Emirados Árabes Unidos quanto o Bahrein também mantêm relações diplomáticas com o Irã, e ambos agora hospedam embaixadas israelenses em suas capitais.
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