Ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, se reúne
com principais comandantes militares e diz que operação está "correndo
conforme o planejado"
Na manhã desta segunda-feira (3), Israel utilizou drones para atingir alvos em
um reduto terrorista e despachou centenas de soldados para a área em uma
incursão que evoca memórias das operações militares em larga escala conduzidas
durante o segundo levante palestino, há duas décadas. Autoridades de saúde
palestinas relataram que pelo menos oito palestinos foram mortos e dezenas
ficaram feridos.
Ao meio-dia, as tropas israelenses mantiveram sua presença dentro do campo de
refugiados de Jenin, conduzindo a maior operação na região em mais de um ano de
combates. Essa ação ocorreu em um momento de crescente pressão interna por uma
resposta enérgica aos ataques contra colonos israelenses, incluindo um ataque a
tiros no mês passado, que resultou na morte de quatro israelenses.
Enquanto os militares avançavam, fumaça negra subia das ruas congestionadas do
acampamento, acompanhada de intensos tiroteios e do zumbido dos drones pairando
no céu. Moradores relataram cortes de eletricidade em algumas áreas, e
escavadeiras militares abriram caminho pelas ruas estreitas, causando danos a
edifícios enquanto abriam caminho para as forças israelenses. Tanto os
palestinos quanto a vizinha Jordânia condenaram a violência. O ministro da
Defesa de Israel, Yoav Gallant, realizou uma reunião com os principais
comandantes militares e afirmou que a operação estava progredindo de acordo com
o planejado. Ele declarou que Israel havia infligido um "golpe
significativo" aos grupos terroristas locais, mas não ofereceu nenhuma
indicação sobre a duração da incursão.
Segundo o tenente-coronel Richard Hecht, porta-voz do Exército, o
objetivo da operação é destruir e apreender armas, não havendo planos de
ocupação territorial. Ele afirmou que uma força composta por cerca de 2.000
soldados, equivalente a uma brigada, estava envolvida na operação. Drones
militares foram utilizados para realizar uma série de ataques, a fim de
facilitar o avanço das tropas terrestres. Embora Israel tenha conduzido ataques
aéreos pontuais na Cisjordânia nas últimas semanas, Hecht destacou que a
série de ataques ocorrida nesta segunda-feira representou uma escalada não
vista desde o fim do levante palestino, em 2006. Fumaça era visível saindo do
acampamento lotado, enquanto os minaretes das mesquitas próximas permaneciam. Ambulâncias
correram para um hospital, transportando os feridos em macas.
Lynn Hastings, coordenadora humanitária da ONU nas áreas palestinas, disse
no Twitter que estava "alarmada com a escala da operação das forças
israelenses", especialmente em relação aos ataques aéreos ocorridos em um
campo de refugiados densamente povoado. Ela mencionou que a ONU estava
mobilizando assistência humanitária para a região. De acordo com a agência
oficial de notícias palestina Wafa, os militares bloquearam estradas dentro
do campo, ocuparam casas e edifícios, e posicionaram atiradores nos telhados.
Essas táticas indicavam que a operação poderia se prolongar por algum tempo.
"Há escavadeiras destruindo as ruas, atiradores estão posicionados dentro
das casas e nos telhados, e drones estão atacando residências. Infelizmente,
vemos palestinos sendo mortos nas ruas", relatou Jamal Huweil, um
ativista político no campo, que prevê que a operação não terá sucesso.
"Eles podem destruir o campo de refugiados, mas fracassarão novamente,
pois a única solução é uma solução política que estabeleça um Estado palestino
e ponha fim à ocupação", acrescentou. O Ministério da Saúde palestino
informou que pelo menos oito palestinos foram mortos e 50 pessoas ficaram
feridas, sendo que 10 estão em estado grave.
Além disso, em um incidente separado, um palestino de 21 anos foi morto por
tiros disparados por forças israelenses nas proximidades da cidade de Ramallah,
na Cisjordânia, conforme relatado pelo ministério palestino. Em resposta a
esses acontecimentos, Nabil Abu Rudeineh, porta-voz do líder palestino,
declarou em um comunicado: "Nosso povo palestino não se curvará, não se
renderá, não erguerá a bandeira branca e permanecerá firme em sua terra diante
dessa agressão brutal". A Jordânia, por sua vez, pediu a Israel que
suspendesse seus ataques na Cisjordânia (Judeia e Samaria).
O acampamento de Jenin e a cidade adjacente com o mesmo nome têm sido um ponto
de grande tensão à medida que a violência entre israelenses e palestinos se
intensifica desde a primavera de 2022. Durante um discurso para jornalistas
estrangeiros, o ministro das Relações Exteriores, Eli Cohen, elogiou os
esforços das forças militares e acusou o Irã, seu arqui-inimigo, de estar por
trás da violência, ao financiar grupos terroristas palestinos.
"Devido ao financiamento que recebem do Irã, o campo de Jenin se
tornou um centro de atividades terroristas", afirmou o ministro das
Relações Exteriores, acrescentando que a operação será conduzida de forma
"seletiva" para evitar baixas civis. Jenin tem sido um bastião da
luta armada contra Israel e desempenhou um papel significativo durante o último
levante palestino, sendo um ponto de tensão importante.
Em 2002, ocorreu uma operação massiva das tropas israelenses no campo de
Jenin, dias após um atentado suicida palestino durante uma grande reunião de
Páscoa, que resultou na morte de 30 pessoas. Durante oito dias e noites, as
forças israelenses lutaram contra os terroristas rua por rua, utilizando escavadeiras
blindadas para destruir fileiras de casas, muitas das quais haviam sido
armadilhadas. O ataque desta segunda-feira ocorreu duas semanas depois de outro
confronto violento em Jenin, além do lançamento de dois foguetes da área na
semana anterior, conforme relatado pelas forças militares. Embora os foguetes
tenham explodido logo após o lançamento, sem causar danos em Israel, esse
evento marcou uma escalada que gerou preocupações no país. O ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, um ultranacionalista
conhecido por suas posições rígidas, expressou orgulho pelos soldados
israelenses que estavam operando em Jenin através de um tweet. Ele descreveu-os
como heróis em todas as frentes e declarou que estava orando pelo sucesso de
suas ações. Ben-Gvir, que recentemente fez declarações defendendo que
Israel mate "milhares" de terroristas, se necessário, tem uma postura
política mais radical em relação à segurança e combate ao terrorismo.
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