De acordo com a Agência Judaica, durante os três meses entre janeiro e março deste ano, um total de 18.610 imigrantes chegaram a Israel
Um recente relatório do Instituto de Pesquisa de Política Judaica aponta que a migração de judeus da Rússia e da Ucrânia para Israel está alcançando proporções semelhantes a um "êxodo".
O relatório, com base em dados do Bureau Central de Estatísticas de Israel, conclui que, se as tendências continuarem, tanto a Rússia quanto a Ucrânia podem perder a maioria de suas populações judaicas nos próximos anos.
As razões para esse êxodo são evidentes. Embora o aumento da migração de judeus ucranianos para Israel tenha se iniciado em 2014, quando a Rússia invadiu e anexou a Crimeia no leste da Ucrânia, a recente invasão militar russa à Ucrânia, que teve início em fevereiro de 2022, é a principal motivação por trás da migração em massa mais recente.
8 milhões de refugiados
Judeus na Ucrânia e na Rússia tentam fugir dos conflitos e possivelmente evitar o recrutamento militar. De acordo com a Agência de Refugiados das Nações Unidas, quase 8 milhões de refugiados provenientes da Ucrânia foram registrados em países vizinhos e em toda a Europa.
Israel, no entanto, absorveu um número muito maior de judeus russos desde o início da guerra.
Em 2022, a Agência Judaica relatou que um total de 43.685 imigrantes judeus chegaram a Israel provenientes da Rússia, enquanto outros 15.213 vieram da Ucrânia.
“Se a migração desses países continuar por sete anos no nível visto em 2022 e no início de 2023, então o valor crítico que indica um êxodo contínuo será alcançado e, sem dúvida, superado”, afirma o relatório da Jewish Policy Research, com sede em Londres.
De acordo com o relatório, estima-se que entre 80% a 90% da população judaica da Ucrânia tenha emigrado até o momento, enquanto 50% a 60% da população judaica da Rússia também tenha deixado o país. O relatório define um êxodo como a saída de entre 50% e 75% dos judeus de um país em um período de uma década.
Apelo aos judeus
Dezenas de milhares de judeus vivem na Ucrânia e na Rússia, embora os números exatos sejam difíceis de verificar. É importante destacar que a Ucrânia tem um presidente de ascendência judaica, Volodymyr Zelenskyy.
De acordo com a Agência Judaica, durante os três meses entre janeiro e março deste ano, um total de 18.610 imigrantes chegaram a Israel, representando um aumento de 24% em relação ao mesmo período do ano anterior. A imigração proveniente da Rússia foi responsável por mais de três quartos desse total, conforme relatado pelo jornal israelense Haaretz.
O ex-rabino-chefe de Moscou fez um apelo aos judeus para deixarem a Rússia imediatamente, alertando que o país passou por mudanças fundamentais após a invasão da Ucrânia.
Os comentários do rabino Pinchas Goldschmidt foram feitos após o Ministério da Justiça russo ter declarado que ele era um "agente estrangeiro" na semana passada. Ele fugiu para Israel no ano passado depois de criticar a guerra.
Casos históricos
O relatório menciona três casos históricos em que a imigração judaica para Israel foi considerada um êxodo significativo: a Alemanha nazista nos anos 1930, o Norte da África nas décadas de 1950 e 1960, e a dissolução da antiga União Soviética nos anos 1990, após a queda do comunismo na Europa Oriental. Na época, cerca de metade dos judeus soviéticos deixaram seus países de origem.
Segundo o relatório, houve aumentos na imigração judaica para Israel vinda da França, Bélgica, Espanha e Itália na primeira metade da década de 2010, mas esse fluxo diminuiu posteriormente. No entanto, o relatório destaca que a porcentagem de judeus que deixaram esses países em direção a Israel não atingiu o nível de um êxodo.
Nem todos os judeus ucranianos estão indo para Israel. Alguns chegam aos nos Estados Unidos, mas o relatório não inclui esses dados.
De acordo com o Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos, desde a invasão russa da Ucrânia há um ano, mais de 280.000 ucranianos foram admitidos no país.
Além disso, os dados mais recentes da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA mostram que cerca de 22.000 russos tentaram entrar nos Estados Unidos pela fronteira sul do país desde outubro de 2022.
*Com informações do Guiame
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