Enquanto a Rússia ampliava suas instalações militares
na Síria após intervir na guerra civil, os Estados Unidos lideravam uma
poderosa coalizão contra o grupo jihadista EI
Nesta semana, mais um caça russo foi relatado voando "perigosamente
perto" de um drone dos EUA na Síria, apenas alguns dias após outro avião
russo danificar outra aeronave não tripulada dos EUA no país devastado pela
guerra, conforme anunciado por Washington na quarta-feira (26), noticiou o i24NEWS.
"Esta semana, tomamos conhecimento dos primeiros relatos de outro caça
russo que voou perigosamente próximo ao nosso drone durante uma missão de
'derrotar o EI'", declarou Karine Jean-Pierre, porta-voz da Casa
Branca, em entrevista aos repórteres, fazendo referência ao Estado Islâmico.
"Continuamos focados na missão de derrotar o EI, como evidenciado por
nosso recente ataque contra um líder do grupo na Síria neste mês",
acrescentou.
De acordo com os militares dos EUA, no domingo, um caça russo disparou um
sinalizador contra um drone americano, causando danos "severos" à sua
hélice na Síria, o que representa uma violação dos protocolos estabelecidos e
das normas internacionais. Autoridades dos EUA relatam que os caças russos têm
aumentado a frequência de encontros perigosos com aeronaves militares dos EUA
nos últimos meses na Síria, uma região onde as forças de ambos os países estão
operando.
"Estou preocupado, mas apenas moderadamente. O que estamos observando é um
padrão que os russos têm repetido no Mar Negro, onde seus caças estão lançando
combustível ou sinalizadores em nossos drones Predator, Reaper e outros para
danificá-los", afirmou o coronel (aposentado) Rich Outzen, membro
sênior do Atlantic Council. "Neste caso, o drone americano conseguiu
retornar à base, porém sofreu danos significativos", acrescentou em
entrevista ao i24NEWS.
"Creio que o objetivo dos russos aqui é aumentar os custos das operações
dos EUA na Síria", continuou Outzen.
"Os EUA possuem uma presença relativamente limitada lá... e como os EUA e
outros aliados da OTAN estão aumentando os custos para a Rússia na Ucrânia, o
país está tentando enviar uma mensagem de que também pode retaliar, mas suas
opções são mais restritas devido ao envolvimento contínuo na Ucrânia",
explicou Outzen.
Em 2015, a Rússia interveio na guerra civil síria, influenciando o curso dos
acontecimentos a favor do presidente Bashar Al-Assad. Desde então, o
país expandiu suas instalações militares na região, estabelecendo uma base
aérea permanente e uma base naval.
Enquanto isso, os EUA estão liderando uma coalizão contra o grupo jihadista EI,
intensificando incursões e ataques aéreos contra supostos agentes na Síria ao
longo deste ano. Desde a campanha liderada pelos EUA que resultou na morte do
ex-chefe do EI, Abu Bakr al Baghdadi, em 2019 – que se autoproclamou o
"califa de todos os muçulmanos" –, o foco tem sido direcionado aos
líderes remanescentes do grupo, muitos dos quais têm sido responsáveis por
planejar ataques no exterior.
Em seu auge em 2014, o grupo Estado Islâmico controlava aproximadamente um
terço do território do Iraque e da Síria. Apesar de ter sido derrotado em ambos
os países, seus militantes ainda perpetram ataques insurgentes.
Outzen observou que, embora Washington tenha feito "protestos
informais" sobre as aeronaves russas na Síria, os EUA recentemente
condenaram as ações de Moscou como uma "desatenção à segurança de
voo".
"No que diz respeito a Washington, o objetivo principal de estar na Síria
é alcançar a derrota duradoura do EI... então, por que os russos se oporiam a
isso? Para a Rússia, a situação parece diferente. O país está buscando apoiar Bashar
al-Assad e a posição de seus aliados iranianos. Portanto, para a Rússia,
isso se torna um jogo de soma zero – se os americanos permanecerem, Assad e
os iranianos não conseguirão alcançar o que desejam", explicou.
"Em algum momento, os EUA enfrentarão um desafio militar mais direto. Chegará
o dia em um futuro não muito distanteem que os russos ou iranianos
levarão isso adiante e receberão uma resposta contundente", alertou.
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